Thursday, March 30, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 13

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 13: 1992

Os primeiros anos da década de 90 continuam a ser marcados pelo crescimento e solidificação do movimento grunge um pouco por todo o mundo, e pela abertura de novas fronteiras no mainstream pelos maiores grupos de heavy metal. Os Nirvana atingem o 1º lugar no Top em vários países com o lançamento do ano anterior, "Nevermind".
Relativamente a novas bandas, temos os Korn e os Oasis, que se formam precisamente neste ano e que irão espalhar a sua influência mais tarde, embora em áreas distintas.
A escolha dos álbuns mais influentes do ano recaiu totalmente no heavy metal, pois todos eles serão discos muito influentes para o futuro, tanto a nível de composição como a nível de alargamento das fronteiras deste estilo, principalmente com a entrada em cena dos Rage Against The Machine (RATM). E numa altura em que cada vez mais estilos alternativos de rock atingiam o sucesso comercial, foram as bandas de heavy metal a marcar o passo e a compôr discos que vão influenciar as novas gerações de músicos.


Tal como os Metallica tinham feito no ano anterior, os Megadeth seguem os passos e lançam “Countdown to Extinction”, que embora seja bastante diferente de “Metallica”, possui alguns pontos em comum em relação à difusão do heavy metal no circuito mainstream e à qualidade do álbum. De facto “Countdown to Extinction” não tem tantos singles, digamos assim, como “Metallica”, mas é um disco bem tocado da primeira à última música, de uma composição e maturidade bastante acima da média. “Symphony of Destruction” conquistou desde logo airplay nas rádios e MTV, tornando-se um grande sucesso e ofuscando o resto das músicas. Mas quem ouvir com atenção vai descobrir grandes músicas como “High Speed Dirt”, “Countdown to Extinction”, “This Was My Life”, “Foreclosure of a Dream”, enfim, quase podia citar os temas todos do álbum. Os Megadeth atingiam o pico da sua carreira, e este line-up, que vinha desde “Rust in Peace (o álbum mais complexo musicalmente dos Megadeth, lançado em 1990) mantém-se neste álbum e por mais dois, construindo a fase mais sólida da carreira do grupo, desde sempre liderado por Dave Mustaine.


Os Pantera foram uma banda que marcou a diferença, pela positiva, no mundo do rock. E se “Cowboys From Hell” já tinha prometido, então com “Vulgar Display of Power” a banda atinge definitivamente um nível e estatuto merecidos pela originalidade, potência e energia que as suas músicas possuíam. Um dos primeiros álbuns de sempre deste género a estrear no primeiro lugar da Billboard Chart, mais um sinal de que o heavy metal tinha mais fãs do que as pessoas da indústria musical pensavam. Mas isso são apenas dados estatísticos... e o que interessa aqui é a música. Pois bem, desde a abertura com “Mouth For The War”, o épico “Walk”, passando pela “balada” “This Love”, é difícil ficar indiferente à energia e brutalidade (no bom sentido) dos Pantera. Há ainda uma das maiores músicas do metal dos anos 90, o rapídissimo e arrebatador “Fucking Hostile”, que contém uma mensagem social deveras interessante. Quem acha que metal é só barulho e vocalistas a berrar mensagens nonsense é porque nunca se deu ao trabalho de ouvir com atenção. Vale a pena apreciar a voz de Phil Anselmo, o excelente trabalho de bateria (principalmente no pedal duplo) de Vinnie Paul, o baixo “consistente” a complementar a secção rítmica e os riffs inigualáveis de Dimebag Darrel.


Este é o álbum homónimo de estreia dos Rage Against The Machine. E caiu que nem uma pedrada no charco, pois os RATM foram a primeira banda a misturar metal, hip-hop, punk e hardcore com qualidade e originalidade. Além disso sempre foram uma banda corrosiva e com críticas e mensagens políticas bastante duras em relação ao imperialismo e ao poder político dos E.U.A. Este disco contém alguns dos maiores êxitos na carreira da banda, como o inevitável “Killing in The Name”, “Bombtrack”, “Wake Up” ou ainda “Bullet in The Head”. Ao todo são 10 temas de puro groove, onde se destacam a guitarra inimitável de Tom Morello e a voz poderosa e autoritária de Zack De La Rocha. Isto sem desprimor para a secção rítmica dos Rage, que se entende às mil maravilhas e lança as bases para o estilo inconfundível da banda.


Até para a semana
We Gotta Take The Power Back!

Tuesday, March 28, 2006

Terror Asiático


"3...Extremos". Uma amostra do cinema fantástico e "gore" que se vai fazendo pela Ásia. São 3 curtas, filmadas por 3 realizadores diferentes. Fruit Chan (Hong Kong), Park Chan-Wook (Coreia do Sul) e Takashi Miike (Japão) são dos mais conceituados realizadores asiáticos do momento, que se movimentam normalmente por áreas extremas, seja no terror, no suspanse ou no fantástico. "Dumplings", a primeira curta das três, é também a mais real e que nos retrata um submundo à parte, visto de uma forma simples e curiosa, mas extremamente hábil por Fruit Chan. Preciosas iguarias, preparadas e cozinhadas por um "chef" diferente, são o segredo para manter a juventude. A história, a fotografia e a música estão extremamente bem conseguidas e o ambiente recriado pelo realizador pouco ou nada deixa a desejar. Park Chan-Wook, o realizador de "Oldboy", apresenta-nos "Cut", num género um pouco diferente, mas que surpreende pela positiva. Uma comédia "selvagem", servida com requintes "gore". Quanto a Takashi Miike, para muitos um realizador de culto no Japão, assina aqui a curta metragem menos impressionante das três. Uma abordagem demasiado artística e conceitual, que não ajuda muito a história, mas onde mesmo assim encontramos elementos característicos do cinema fantástico de Miike. Em resumo, vale a pena assistir a "3...Extremos", se gosta de cinema asiático e não é uma pessoa facilmente impressionável. Para quem não gosta deste estilo de cinema, é melhor manter-se longe deste filme.

Thursday, March 23, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 12

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 12: 1991


Este foi um dos anos com mais acontecimentos “históricos” da última década. Freddie Mercury, o vocalista de Queen, morre a 24 Novembro, vítima de SIDA. Desaparecia assim um dos mais brilhantes vocalistas da história do rock. Neste ano falece também um dos músicos
mais influentes de sempre, o genial Miles Davis, que foi um dos primeiros a usar instrumentos eléctricos no jazz e a fundi-lo com rock e outros estilos, que mudariam para sempre a música que hoje conhecemos.

Em Seattle, este foi o ano da explosão do grunge para o mundo. Os Nirvana lançam “Nevermind”, até hoje o álbum mais popular da banda, os Pearl Jam editam “Ten” e os Soundgarden regressam com “Badmotorfinger”, isto só para mencionar os mais importantes. Os Rage Against The Machine, uma das mais melhores e mais originais bandas a fundir o heavy metal com o rap ou hip hop, formam-se nesta altura.
Quanto a álbuns lançados, são tantos e tão importantes que mencioná-los a todos daria uma longa lista. Como habitualmente, vou falar daqueles que mais importância histórica tiveram, na minha opinião, para o desenvolvime
nto do rock.


“Nevermind” foi uma das grandes surpresas desta década. O segundo álbum dos Nirvana quebrou todas as barreiras e popularizou um género musical como poucos o tinham feito até então. Kurt Cobain torna-se mais tarde um ícone para jovens e adultos de diferentes gerações e, goste-se ou não, a música dos Nirvana mudou o mundo do rock para sempre. Os ritmos simples, a estrutura de quatro acordes da maior parte das músicas ou a mistura com o punk e o metal caracterizavam o som dos Nirvana. Exemplos disso são “Smells Like Teen Spirit”, “Come as You Are”, “Lithium” ou “In Bloom”. “Nevermind” marcou uma era e uma geração, mas a carreira dos Nirvana viria a acabar prematuramente com o suicídio do seu líder, Kurt Cobain, em Abril de 1994.


Três anos de preparação e uma ambição enorme levaram a banda norte-americana a lançar dois discos de uma só vez, “Use Your Illusion I” e “Use Your Illusion II”. Dois álbuns que ficarão para sempre na história do rock, contendo músicas de uma qualidade fantástica e alguns épicos, embora também alguns (poucos) temas menos bem conseguidos. Desde “Live And Let Die” a “November Rain”, passando por “Civil War”, “Don’t Cry”, You Could Be Mine” e a famosa versão de “Knockin’ on Heaven’s Door”, mais uma mão cheia de boas músicas, chega para colocar a banda no topo das mais talentosas nos anos 90. Os ícones Axl Rose e Slash são os principais responsáveis, e embora os outros elementos da banda fossem também talentosos, o seu carisma não era o mesmo.


Os Metallica regressam com aquele que ficou conhecido por “black album” e que foi um dos mais vendidos de sempre na história do heavy metal. E se é verdade que a promoção ao disco foi enorme, algo até então nunca visto para uma banda de metal, isso não retira o mérito ao quarteto norte-americano pela qualidade das músicas, aliadas a uma produção extremamente exigente e cuidada de Bob Rock. Metade dos temas deste álbum tornaram-se hinos dos Metallica e alargaram a sua base de fãs ao mainstream de uma maneira nunca antes vista. “Enter Sandman”, “Sad But True”, “Wherever I May Roam”, “The Unforgiven” e “Nothing Else Matters” foram os grandes responsáveis. Mas desengane-se quem rotula este álbum de comercial, pois o peso e os riffs característicos de Metallica continuam lá, desde “Holier Than Thou”, passando por “Through The Never”, “Of Wolf And Man” ou “Struggle Within”. Um disco para ouvir do primeiro ao último segundo.


Até para a semana.
Get The Funk Out!

Monday, March 20, 2006

Ben Harper

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As duas faces de Ben


Ben Harper está de volta e em dose dupla. "Both Sides of The Gun" é o título do novo álbum, que contém dois discos. A decisão de lançar o álbum dividido teve a ver com razões musicais, e não porque as músicas não coubessem todas no mesmo cd. Ben Harper tinha canções de diferentes inspirações e achou que a divisão em dois discos fazia mais sentido: "I hate to call it the hard disc and the soft disc, because sometimes the soft stuff hits you harder than anything else." Harper compara a experiência com a audição de um disco em vinil: "It's like flipping a record, turning it over to the next side."

O compositor, guitarrista e vocalista leva-nos a diferentes emoções ao longo das 18 músicas que podemos apreciar em "Both Sides of The Gun". Estão lá as baladas, a melancolia, a slide guitar, as letras por vezes intimistas, a vontade de mudar o mundo, o rock, os blues, o funk, enfim, tanta coisa que não dá para enumerar tudo. Mas este é sem dúvida alguma um álbum a explorar, bastante interessante e diversificado. Carreguem no play em cima, apreciem e "acreditem" neste "Better Way"...

I'm a living sunset
lightning in my bones
push me to the edge
but my will is stone

fools will be fools
and wise will be wise
but i will look this world
straight in the eyes

what good is a man
who won't take a stand
what good is a cynic
with no better plan

reality is sharp
it cuts at me like a knife
everyone i know
is in the fight of their life

take your face out of your hands
and clear your eyes
you have a right to your dreams
and don't be denied

I believe in a better way

Thursday, March 16, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 11

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 11: 1990


Eis que chegamos ao início da década de 90. Muita e boa música se fez nos anos 80, mas a década de 90 não lhe fica atrás. Nota-se, ao longo dos anos, uma evolução nos estilos musicais dentro do próprio rock, além de que nos anos 90 a música electrónica começa a surgir em força e a influenciar cada vez mais bandas pop, rock ou metal.

Neste ano morre Stevie Ray Vaughan, o grande guitarrista de blues que deixou atrás de si um legado e uma influência musical bastante grandes.
E logo em 1990 temos muitos álbuns de qualidade que vão marcar definitivamente a sonoridade nos anos seguintes. De alguns deles vou falar mais aprofundadamente.


Aquela que viria a tornar-se na formação clássica de Megadeth gravou 4 álbuns, e “Rust in Peace” foi o primeiro deles. E os bons dotes composicionais de Dave Mustaine só ficaram a ganhar com a entrada de Marty Friedman e Nick Menza, produzindo um dos melhores álbuns do heavy metal clássico de sempre. À semelhança de “...And Justice For All” nos Metallica, este “Rust in Peace” é também o disco mais trabalhado, complexo e técnico da carreira dos Megadeth. “Holy Wars...The Punishment Due” abre o álbum, com uma rapidez trash, aliada a uma técnica acima da média, e torna-se para sempre num clássico da banda norte-americana. Há ainda “Hangar 18” com estonteantes solos de guitarra, “Lucretia” com grandes riffs, “Tornado of Souls” com um groove e trabalho de guitarras impressionante ou “Rust in Peace...Polaris”, a fechar o álbum com mais uma música rápida e técnica.


Os Extreme foram uma das grandes bandas da década de 90. Nuno Bettencourt, o extraordinário guitarrista, foi um dos grandes responsáveis pela sonoridade dos Extreme. Apesar da sua sonoridade percorrer terrenos tão distintos como o heavy metal, o pop ou o hard rock, o grande hit deste álbum foi uma balada apenas com guitarra acústica e voz: o inesquecível “More Than Words”. Mas “Pornograffitti” é muito mais que isso. Tem um pouco de todos os ingredientes que nos habituámos a ouvir em Extreme, desde os riffs pesados, passando pelo som funk e groovy, às calmas baladas. “Decadence Dance”, “Get The Funk Out”, “More Than Words” e “Pornograffitti” são dos temas mais bem conseguidos e todos eles são totalmente diferentes um do outro. É por isso que os Extreme atingiram logo sucesso com este segundo álbum, com uma qualidade e maturidade composicional bem altas.



Este é, talvez, “O Disco” de guitarra eléctrica. O génio Steve Vai compôs os 14 temas de “Passion & Warfare”, e depois de ouvirmos o álbum percebemos que estava muito à frente da sua era. Steve Vai não é um artista fácil de ouvir e gostar logo às primeiras audições, mas assim que começamos a compreender o seu trabalho, abre-se um mundo novo de possibilidades musicais. “Liberty”, “Erotic Nightmares”, “Sisters” ou “The Audience is Listening” são músicas excepcionais neste “Passion & Warfare”. Há ainda aquele que, na minha opinião, é um dos melhores temas compostos em guitarra eléctrica: o arrepiante “For The Love of God”. Está lá tudo; harmonia, música, sentimentos... e a grande beleza da música instrumental é esta, para quê palavras, quando os instrumentos conseguem-nos transmitir mais sentimentos do que as palavras alguma vez conseguiriam.


Até para a semana.
Clash With Reality!

Wednesday, March 15, 2006

SBSR 2006


Está quase completo o cartaz deste ano para o Festival Super Bock Super Rock. Bandas de qualidade e para (quase) todos os gostos. O festival está dividido em dois Actos, cada um com dois dias de concertos. As datas são 25 e 26 de Maio e 7 e 8 de Junho.




ACT I

25 Maio- Korn, Within Temptation, Moonspell, P.O.D.
26 Maio- Tool, Placebo, Deftones, Alice in Chains

ACT II

7 Junho- Franz Ferdinand, The Cult, Keane, dEUS, Editors
8 Junho- 50 Cent, Pharrell Williams, Patrice, Boss AC

Tuesday, March 14, 2006

September Notes


Óptimas notícias para os fãs de jazz portugueses: um dos grandes mestres do jazz contemporâneo vai actuar no nosso país. Falo mais concretamente de Chick Corea, um nome que dispensa apresentações no mundo do jazz. No entanto a espera ainda vai ser longa. As datas agendadas para o Coliseu de Lisboa e do Porto são, respectivamente, 22 e 23 de Setembro. Chick Corea conta já com uma longa carreira, uma discografia enorme e 11 Grammys ganhos. Trabalhou com os maiores nomes do jazz mundial (desde Miles Davis a Keith Jarrett, Pat Metheny ou Herbie Hancock, entre muitos outros), antes de ele próprio se tornar também num dos mais conceituados e respeitados músicos da actualidade. Desde a mítica banda Return To Forever, do início da década de 70, passando pelas suas Acoustic e Elektric Band ou as inúmeras colaborações com outros artistas, Chick Corea tem demonstrado a sua qualidade e mestria ao longo de três décadas e meia e dezenas de álbuns. Chick começou a tocar piano aos 4 anos, com principal formação na área da música clássica, sendo as suas maiores influências de então Mozart e Beethoven. O pianista começou mais tarde a descobrir outros estilos, mas foi no jazz que mais se destacou. Corea já percorreu diferentes áreas do jazz, desde o bebop ao avantgarde, passando pela fusão e improvisação, e deixou atrás de si um legado enorme de música (http://www.chickcorea.com/discography.html). É considerado por muitos um dos maiores compositores do século XX. Resumindo, um concerto a não perder em Setembro...

Monday, March 13, 2006

Ondas Sonoras


É já esta noite que o surfista hawaiano Jack Johnson actua no Pavilhão Atlântico. Os bilhetes já esgotaram há muito, nesta que é a 2ª passagem do norte-americano por Portugal. A guitarra acústica de Jack Johnson e a sua voz calma e "quente" têm feito sucesso no mundo inteiro. Portugal não é excepção, e depois da passagem pelos Coliseus no ano passado, desta vez espera-o um Pav. Atlântico cheio, à espera de ouvir os seus maiores êxitos e ser "transportado" para um sítio cool e relaxed. É esta a magia da música de Jack Johnson. Quase sentimos aquela tranquilidade de estarmos no "meio" do oceano, só nós e as ondas. Quem pratica surf ou outro desporto semelhante provavelmente compreenderá melhor este sentido na música de Jack Johnson, mas muitos que nunca fizeram surf na vida sentem-se atraídos pelas notas do músico californiano. Não gosto do rótulo de "surf music" que muitos gostam de lhe chamar, porque a música de J.J. é universal, livre, e carrega consigo uma enorme onda de "good vibrations". Seja-se ou não surfista...

Thursday, March 09, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 10

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 10: 1989


Pouco a realçar este ano, além da estreia discográfica de algumas bandas importantes e um ou outro álbum ou single que fizeram a diferença no meio de inúmeros lançamentos. Começamos pelas estreias: Extreme com “Extreme”, Lenny Kravitz com “Let Love Rule”, Mr. Big com “Mr. Big”, Nirvana com “Bleach” e Skid Row com “Skid Row”, tudo bandas que alcançaram fama e glória nos anos seguintes.

Neil Young, após alguns anos de experimentalismos e álbuns controversos, lança “Freedom”, que alcança algum sucesso e imortaliza uma das mais emblemáticas canções de rock de todos os tempos: “Rockin’ in The Free World”. Os Dream Theater estreiam-se com “When Dream And Day Unite”, apenas uma amostra daquilo que os vai tornar 10 anos mais tarde na banda mais importante e talentosa na área do rock progressivo.
Neste ano assistimos também à formação de duas bandas com importância na década seguinte, os Marilyn Manson e os Therapy?. Os álbuns de 1989 que escolhi analisar pertencem aos The Cult e aos Ministry.


O 4º álbum dos The Cult foi talvez o que mais sucesso e impacto teve na sua carreira. “Sonic Temple” é um misto de baladas, diferentes estilos de hard rock e heavy metal, ao mesmo tempo que tentava manter um groove e algumas parecenças com o rock comercial dos anos 80. O single “Fire Woman” catapultou a banda para o Billboard Top Ten e garantiu-lhes o sucesso e estatuto que não tinham logrado atingir com os discos anteriores. O conhecido baterista Matt Sorum chegou e gravou “Sonic Temple”, mantendo-se com a banda até à altura em que começaram a trabalhar no álbum sucessor deste, indo depois juntar-se aos Guns N’ Roses.
Este álbum consegue colocar os The Cult como banda de suporte na tournée “Damaged Justice” dos Metallica, embora a sonoridade seja consideravelmente diferente daquilo que os Metallica praticavam na altura. Curiosamente quem produziu este álbum foi Bob Rock, que se tornou famoso por produzir o “black album” dos Metallica e os álbuns posteriores.


Os Ministry foram uma das bandas que mais popularizou o estilo industrial, juntando pesados riffs de heavy metal, criando um som muito próprio. O industrial intenso e agressivo dos Ministry pode ser bem apreciado neste “The Mind is a Terrible Thing to Taste”, uma excelente mistura da parte electrónica (sintetizadores) com o som cru e trash das guitarras e da percussão. Este é sem dúvida um dos álbuns mais bem conseguidos da carreira dos Ministry e um clássico para quem gosta de sonoridades “industriais”. “Burning Inside”, "Breathe", "So What" ou "Test" são belos exemplos das descargas industriais e da intensidade na música e sonoridade dos Ministry.


Até para a semana.
Keep the Volume High!

Wednesday, March 08, 2006

Testament em Corroios!


É já este fim de semana que os históricos Testament actuam na Margem Sul, mais concretamente em Corroios.

Tuesday, March 07, 2006

Ali Farka Touré


Desapareceu esta semana mais um grande nome da música mundial. Ali Farka Touré, conhecido como o bluesman de África, faleceu de doença prolongada. Foi, além de grande músico, um dos grandes embaixadores do Mali, seu país de origem, e do continente africano. Os últimos anos da sua vida, passou-os em Niafunké, terra natal, onde era Presidente da Câmara e agricultor dedicado. Em recente passagem por Portugal, no ano passado, Ali Farka Touré concedeu uma rara entrevista a Ana Sousa Dias, onde ficámos a saber que, mais do que músico, Touré considera-se agricultor e criador de gado, que nunca quis viver no estrangeiro, e que nos últimos anos tinha conseguido construir 6 escolas no Mali, vários centros de saúde e um sistema de irrigação. Pena que muitos não sigam o seu exemplo: aproveitar aquilo que o mundo da música lhe deu e ajudar os seus irmãos e compatriotas no Mali e em África.

Monday, March 06, 2006

Breves Musicais

Quando pensamos que algumas bandas desapareceram de vez, eis que elas voltam. É o caso dos Pearl Jam: após tantos anos sem se ouvir falar neles, parece que os "jovens" americanos lançaram um novo single intitulado "World Wide Suicide" (disponível para download através do site http://bootlegs.pearljam.com). Não tenho nada contra eles, acho até que sempre foram das bandas que demonstraram ter mais respeito pelos seus fãs. Mas nunca lhes consegui reconhecer talento suficiente para o estatuto que alcançaram na década passada...

Os "ressuscitados" Pixies estão de regresso a Portugal, desta vez para um concerto no Pavilhão Atlântico a 20 Julho. Quem estiver interessado, os bilhetes estão à venda e custam entre 24 e 33 €.

Os Three 6 Mafia conquistaram o Óscar de melhor canção original com "It's Hard Out Here For a Pimp", para o filme "Hustle & Flow". Tornaram-se nos primeiros hip-hoppers a actuar numa Cerimónia de entrega dos Óscares. Depois de ter visto, não percebi o prémio. Não aprecio particularmente hip-hop, mas há coisas bem melhores que aquilo que os Three 6 Mafia demonstraram ontem em palco. Até o Eminem fazia melhor. A Academia deve estar louca.

Thursday, March 02, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 9

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo
9: 1988


Pela primeira vez na história da música, as vendas de Cd’s ultrapassaram as vendas de vinil. A experiência de ouvir música em casa nunca mais seria a mesma. O formato digital impõe-se de vez e só alguns puristas continuam a comprar discos de vinil.

A nível de lançamentos discográficos, os Soundgarden estreiam-se com “Ultramega OK”, que marca o início de uma das melhores bandas de rock de sempre. Os Suicidal Tendencies lançam “How Will I Laugh Tomorrow When I Can’t Even Smile Today?”, um dos maiores êxitos da banda que ficou conhecida pela sua enérgica mistura de hardcore com heavy metal. Uns Pink Floyd já enfraquecidos pelas saídas de Gilmour e Waters lançam um álbum ao vivo com os maiores êxitos da banda, “Delicate Sound of Thunder”. Mas os discos que mais marcaram este ano foram, na minha opinião, “Operation: Mindcrime” dos Queensrÿche e “...And Justice For All” dos Metallica.


Um álbum conceptual e uma das primeiras grandes obras do rock/metal progressivo. É um álbum muito rico, tanto musicalmente como liricamente. Temas como “Revolution Calling”, “Operation: Mindcrime”, “Suite Sister Mary” (inclui orquestrações de Michael Kamen, o mesmo que trabalhou com os Metallica em S&M) ou “I Don’t Believe in Love” conferem genialidade ao trabalho dos Queensrÿche. Muito focado na política americana, este é daqueles álbuns que têm de se ouvir do princípio ao fim, se queremos perceber a sequência lógica das músicas e a própria “estória” que está por detrás do conceito do disco. Para quem gosta de prog metal actual, "Operation: Mindcrime" é um disco obrigatório para conhecer as referências do passado.


Mais uma obra prima dos norte-americanos. Este foi o primeiro álbum da era pós Cliff Burton, e é, até à data, o álbum mais maturo e complexo dos Metallica em termos de composição musical. Sem perder minimamente o peso e a harmonia de Master of Puppets, este “...And Justice For All” vai ainda mais longe no sentido de estender a capacidade compositora dos Metallica enquanto um todo. “Blackened” abre o álbum a todo o gás, “...And Justice For All” segue-lhe o rasto, e temos logo dois temas longos e épicos, de uma qualidade impressionante. “One” e “Harvester of Sorrow” são outros dois clássicos que fazem parte deste disco, um grande momento instrumental com “To Live is To Die”, o rapídissmo “Dyers Eve”, enfim, “...And Justice For All” é um álbum extremamente rico, de uma complexidade nunca vista em Metallica e que mais uma vez ultrapassou barreiras e estendeu novos caminhos ao heavy metal. O único senão é a produção do álbum, pois a qualidade sonora deixa um pouco a desejar, a juntar ao facto de o baixo praticamente não se ouvir durante todo o álbum por decisão da banda (muito discutível, diga-se) devido a Jason Newsted ser o membro novato que substituiu Cliff Burton.


Até para a semana.
The Feeling's Back!

Wednesday, March 01, 2006

Back in the Village



Acabei de chegar. 4 dias a ouvir música brasileira e pimba, a ver personagens em todas as ruas, a aturar as bebedeiras de Carnaval...
Nunca consegui gostar do Carnaval. Mas há sítios que nos fazem esquecer todos os defeitos desta época. Sítios e pessoas. A banda sonora destes dias não foi certamente a ideal, mas os amigos e as praias do Baleal fazem-nos esquecer quase tudo. O frio, a péssima música da Voilà e do Bar d'Ilha, as tardes de Inverno sem nada para fazer... o que é certo é que ainda agora cheguei, e sem saber porquê, só penso em voltar. Ficam 4 dias de "estórias" surreais e memórias que vou guardar para sempre.
A todos os que lá estiveram e partilharam as longas noitadas e as tardes entediantes, um até breve!

Thursday, February 23, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 8

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 8: 1987


À semelhança de 1986, muitos e bons foram os lançamentos discográficos na área do rock em 1987. Este foi também o ano em que se formaram bandas como Nirvana, Mr. Big ou Public Enemy. Mas vamos já passar aos artistas que deram mais que falar nesta altura.
Talvez pela primeira vez na história uma banda tinha conseguido misturar géneros tão diferentes como o hip-hop, o funk, o heavy metal e o rock, sem que soasse forçado ou sem qualidade. Os autores da “proeza” eram os Faith No More (FNM), que em 1987 lançam o seguimento de “We Care a Lot” (1985), intitulado “Introduce Yourself”. Só faltava uma coisa para a música dos FNM se elevar a patamares ainda superiores: o fantástico vocalista Mike Patton, que se junta à banda em 1988. Muitas foram as bandas influenciadas pela sonoridade dos FNM, mas estes sempre foram a grande referência do estilo, até à sua separação definitiva em 1998.

Noutra área, a do rock instrumental, Joe Satriani abria definitivamente caminho à grande dificuldade que os músicos tinham em lançar álbuns instrumentais, pois são dirigidos a um mercado substancialmente mais pequeno e as editoras não apostavam neste estilo. Conseguiu-o com um álbum que é, até hoje, considerado um clássico do rock instrumental: “Surfing With The Alien”. O virtuoso guitarrista estruturou muito bem as músicas, e em vez das melodias e refrões normalmente cantados, temos as guitarras a assumir o papel principal. E a qualidade do álbum faz com que nos esqueçamos das vozes por completo, os instrumentos assumem o papel principal e conseguem transmitir-nos os mais variados sentimentos sem que seja necessário recorrer a quaisquer palavras.

Por esta altura haviam uns irlandeses que andavam nas bocas do mundo. Como já devem ter percebido, eram os U2. A banda liderada por Bono contava já com 4 discos e em 1987 lança um dos melhores e mais bem sucedidos álbuns da sua carreira: “The Joshua Tree”. Os U2 são hoje talvez a maior referência do rock n’roll mundial, não apenas pela música que fazem mas também pelo seu activismo político. A banda irlandesa conseguiu criar um som único, aliando à sonoridade tradicionalmente rock as guitarras carregadas de reverb e echo, alguns elementos electrónicos (principalmente na década de 90) e a voz poderosa e singular de Bono.

Outra banda que iria dar muito que falar era originária dos Estados Unidos e intitulava-se Guns N’Roses (GN’R). Os GN’R foram uma pedrada no charco no mundo do rock da altura. Por tudo o que trouxeram musicalmente, mas também pela atitude rebelde e de confrontação, pelas inúmeras polémicas que foram causando e ainda pelo seu frontman, Axl Rose. É neste ano que lançam o seu álbum de estreia, “Appetite for Destruction”, um misto de hard rock e grandes baladas. Até hoje, poucas bandas conseguiram alcançar o talento e estatuto que os GN’R tiveram durante muitos anos, até à saída de todos os elementos da banda, excepto o vocalista Axl Rose, no final da década de 90.

“The Joshua Tree” contém alguns dos maiores hinos da banda irlandesa. Menos político em termos líricos que “War”, este álbum move-se por terrenos mais escuros e tenta encontrar sentido e esperança num mundo melhor. Ao todo são 11 canções ao estilo dos U2, onde também conseguimos encontrar influências de country e blues. Para a história ficam músicas eternas como “Where The Streets Have No Name”, “With or Without You” e “I Still Haven’t Found What I’m Looking For”. Goste-se ou não, é difícil ficar indiferente à força destas canções.


Se ouvirmos este álbum e tentarmos recuar no tempo, facilmente percebemos o enorme talento dos GN’R: quase 20 anos depois o som mantém-se de uma actualidade impressionante. Riffs pesados q.b., intercalados com grooves bluesy e grandes solos de guitarra (da dupla Slash e Izzy), juntos com uma secção rítmica bastante coesa e o poder vocal e icónico de Axl Rose foram a chave para o sucesso e reconhecimento. Desde o início com o rápido e cru “Welcome to the Jungle”, passamos por canções mais lentas e melancólicas como “Mr. Brownstone” e temos ainda os hinos “Paradise City” e “Sweet Child O’Mine”, entre muitos outras canções de intensidades e ambiências diferentes, este é sem dúvida um álbum para ouvir do princípio ao fim.


Até para a semana.
Take Me Down To The Paradise City!

Wednesday, February 22, 2006

Sugestões Culturais

Aproxima-se um fim de semana prolongado, para quem tem a sorte de não trabalhar na 2ª feira. Aqui ficam algumas sugestões de eventos interessantes a decorrer até ao final do mês e início de Março.


26º Fantasporto - Festival Internacional de Cinema do Porto - A decorrer entre os dias 20 de Fevereiro e 5 de Março. Programação e informações disponíveis no site www.weblight.pt/fantasporto







Portalegre Jazz Fest - 4º Festival Internacional de Jazz de Portalegre. Entre os dias 21 e 25 de Fevereiro. Através da página da C.M. Portalegre pode-se aceder ao programa do Festival: C.M. Portalegre - Jazzfest




Guitarmania 2006 - 2º Festival Internacional de Guitarra Clássica. Realiza-se de 26 de Fevereiro a 4 de Março e divide-se entre Almada e Belém. Além dos habituais concertos, o Festival vai contar com "masterclasses" e inclui o 1º Concurso Internacional de Guitarra Clássica. Mais informações no site oficial.





Seia Jazz & Blues - 2º Festival Internacional de Jazz & Blues de Seia. De 24 Fevereiro a 4 Março. Maria João e Mário Laginha e Henri Téxier são os grandes nomes do cartaz. O festival vai ainda contar com vários workshops instrumentais.

Monday, February 20, 2006

O Regresso do Rei


B.B. King
poderá estar de regresso a Portugal 4 anos depois. O Rei do Blues vai efectuar a sua última tournée europeia e Portugal é apontado como o possível último concerto de B.B. King em solo europeu. Uma oportunidade única para ver de perto uma lenda viva da música mundial, e provavelmente a última. B.B. é considerado por muitos o melhor músico de blues de todos os tempos. Agora o mítico guitarrista e a sua inseparável "Lucille" poderão brindar os fãs portugueses com uma das suas últimas actuações. O concerto está inserido numa iniciativa da Câmara Municipal de Santarém, a primeira edição do Festival de Alviela, a realizar em Julho deste ano. O Festival vai ter como objectivo a sensibilização da população para os problemas ambientais do Rio Alviela, e parece que a C.M. Santarém está empenhada em contratar nomes sonantes da música internacional para actuar no evento. Segundo o management de B.B. King, o artista revelou-se interessado em terminar a tournée europeia em território nacional, já que é uma pessoa sensibilizada para os problemas ambientais. Só resta esperar que tudo se concretize e que tenhamos oportunidade para um último passeio com o rei.

Let's Go "Riding With The King" in Santarém!

Thursday, February 16, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 7

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 7: 1986


1986 foi um ano fértil em lançamentos discográficos importantes para a história do rock. A maior revolução aconteceu porventura nas vertentes mais “pesadas”, onde bandas como Metallica, Slayer, Iron Maiden ou Megadeth vão definir o standard daquilo que vai ser o heavy metal daí para a frente. Os Megadeth lançam "Peace Sells... But Who's Buying?", um clássico trash da banda de Dave Mustaine, que mais tarde se vai mover noutros terrenos musicais. Os britânicos Iron Maiden regressam com um dos mais consistentes discos da sua longa carreira, "Somewhere in Time", enquanto que os Slayer arrasam tudo e todos com "Reign in Blood", um álbum que redefiniu o trash metal.
Mas a história deste ano não fica por aqui. Houve ainda álbuns que fizeram sucesso, uns mais i
novadores que outros, mas cuja importância não pode ser ignorada. Os Genesis com “Invisible Touch”, a estreia dos Beastie Boys com “Licensed to Ill”, Peter Gabriel e “So” ou David Lee Roth em “Eat’em And Smile”, só para dar alguns exemplos. Para análise mais pormenorizada escolhi "A Kind of Magic" dos Queen e "Master of Puppets" dos Metallica.


Quer se goste ou não, os Queen tiveram influência indiscutível na música contemporânea. A banda de Freddie Mercury e Brian May foi uma das mais criativas e inovadoras nos anos 80. Não é fácil descrever a sonoridade dos Queen, embora ecléctica e épica sejam adjectivos que se insiram nesta caracterização. Este álbum apresenta-nos alguns dos clássicos que marcaram a carreira da banda e que ainda hoje continuam a influenciar músicos um pouco por toda a parte. O épico tema título do álbum "A Kind of Magic", mais um clássico com "One Vision", a balada "Who Wants To Live Forever" e o pop/rock de "Friends Will Be Friends" são tudo canções que os Queen imortalizaram. O álbum tem 10 temas no total e foi dos que mais sucesso fez em Inglaterra, terra natal da banda, conseguindo manter-se no top durante 63 semanas. A banda fez depois uma tournée com bastante sucesso, enchendo estádios por toda a Europa, mas que infelizmente viría a ser a sua última com Freddie Mercury. O brilhante vocalista tinha sido diagnosticado com SIDA, e até à data da sua morte concentrou-se em gravar mais dois álbuns em estúdio ("The Miracle" e "Innuendo") com os Queen, vindo a falecer no final de 1991.


“Master of Puppets” é considerado, quase unanimemente, uma das maiores obras primas de sempre do heavy metal. Não há nenhum tema fraco neste álbum, e a banda confirma todo o seu potencial, naquele que será o último lançamento com Cliff Burton no baixo. Cliff morre num trágico acidente de viação na Suécia, quando a banda estava em tournée a promover este “Master of Puppets”. Com apenas 24 anos, o mundo da música perdia um dos mais promissores baixistas de sempre. Fica apenas o consolo do grande álbum que ajudou a compôr.
Desde "Battery", um tema rapídissimo, a fazer lembrar os tempos de "Kill’em All", a acabar em "Damage, Inc.", este disco tem um pouco de tudo. No épico que dá título ao álbum, uma reflexão sobre os efeitos da droga no ser humano, temos 8 minutos de riffs rápidos, intercalados com o refrão e bridge mid-tempo, guitarra clean e harmonias a duas guitarras, e o final novamente rapídissimo. Metallica no seu melhor nível de inspiração... podemos ainda apreciar a lenta mas pesada “The Thing That Should Not Be”, o clássico “Welcome Home (Sanitarium)”, mais um grande momento com a crítica à política de guerra no veloz “Disposable Heroes”, o pesadelo em “Leper Messiah”, o instrumental “Orion” (que grande desempenho de Cliff Burton) e a insanidade de "Damage, Inc.". A realçar ainda as letras de James Hetfield, aqui a atingir também um nível de composição bastante interessante.


Até para a semana.
Don't waste your time always searching for those wasted years!

Tuesday, February 14, 2006

Future Repeats Itself


Faz hoje precisamente 16 anos que o Irão, através do Ayatollah Khomeini, lançou uma "fatwa" contra o escritor Salman Rushdie. A "fatwa", uma espécie de decreto religioso, oferecia um prémio pelo cabeça de Rushdie, devido ao seu livro "Os Versículos Satânicos". Khomeini apelou aos muçulmanos pelo assassinato do escritor e dos editores e ofereceu um milhão de dólares como recompensa. Curiosamente, o escritor nasceu na Índia, no seio de uma família muçulmana da classe média e viveu posteriormente no Paquistão. Após a "fatwa", Rushdie foi forçado a viver escondido durante alguns anos. O seu crime? Ter escrito um livro que critica alguns aspectos do Islão...
Continuamos a não aprender com a história, como se viu ainda recentemente pelas declarações do nosso MNE no caso dos cartoons publicados pelo jornal dinamarquês "Jyllands-Posten". E se continuamos a ceder perante estes extremismos, alguma coisa está mal...

Monday, February 13, 2006

Loose Thoughts










Em que medida uma imagem, um som, um filme, nos faz sonhar, nos faz pensar em inúmeras coisas simultaneamente?
Ouvimos frequentemente dizer que uma imagem vale mais que mil palavras. E uma melodia, será que vale mais que mil imagens? Qual é a importância da palavra? Tudo tem importância relativa na nossa vida... Para mim a linguagem é dos sistemas menos desenvolvidos. Quando me deparo com uma imagem "asfixiante" ou quando ouço uma melodia que me desperta sentimentos fortes, nunca na vida podería expressar isso em palavras. Não sei se precisaria de mil palavras, sei é que não há ainda palavras para descrevermos a "linguagem da nossa alma". Nem acredito que possa algum dia haver. Acho que é essa a grande magia das artes visuais ou da música. O artista consegue através da sua representação do mundo (seja ela uma fotografia, uma pintura, uma música) partilhar um sem número de sentimentos com o seu público, que de outra forma nunca conseguiría transmitir.
(Gostava de deixar algumas considerações para vossa reflexão)
1. Será esta a grande magia daquela a que chamamos 7ª arte? O cinema é talvez a mais recente arte, e aquela que mais cresceu e se modificou em menos de um século de vida. Nunca outra forma de arte "ousou" desenvolver-se a um ritmo tão acelerado. Antes tentava-se contar uma "estória" e comunicar com o público, o realizador preocupava-se em passar uma mensagem para as pessoas que víam o seu filme. Os realizadores tinham uma motivação para contar uma determinada "estória". Hoje vemos uma aproximação cada vez maior a uma linguagem vazia e interpretações banais, para dar lugar a uma invasão de efeitos especiais, que ocupam cada vez mais um papel principal nas maiores produções. O produtor escolhe o realizador que mais lhe convém e este muitas vezes limita-se a dar a cara por um filme em que não acredita.

2. Na música assistimos a um fenómeno semelhante. O estudo da música e a prática dos instrumentos dá lugar a sintetizadores e computadores que programam batidas e misturam samples. A evolução sempre fez parte da natureza humana. Mas será que algumas das coisas a que assistimos hoje se podem considerar evolução? Nem sempre a palavra futuro significa evolução. A regressão também faz parte da vida. Ás vezes temos que dar um passo atrás para depois conseguirmos dar dois em frente.
A era digital, os sintetizadores, os efeitos especiais vieram para ficar, disso não há dúvidas. A grande questão é aquilo que vamos valorizar no futuro: Mozart e Miles Davis ou Trance e 50 Cent? Não sou contra nenhum tipo de música, mas há batalhas que não merecem ser perdidas.
O resultado vai determinar se a arte continua a ser uma expressão de liberdade e criatividade individual ou se a massificação se instala de vez e vemos diluída a nossa identidade, o nosso ser. E aqui não há meio termo. Eu sei de que lado da barricada prefiro lutar.

Saturday, February 11, 2006

Rock in Rio Lisboa



Mais dois nomes confirmados para o Rock in Rio Lisboa: Roger Waters e Red Hot Chili Peppers. Os norte-americanos actuam no dia 3 de Junho, concerto integrado na tour europeia de promoção ao álbum "Stadium Arcadium", sucessor de "By The Way", que deverá ser lançado no próximo dia 8 de Maio. Quanto ao músico britânico, vai ser o cabeça de cartaz do Palco Mundo no dia 2 de Junho, que conta também com a presença de Rui Veloso e Carlos Santana.
Quanto a presenças portuguesas, para já confirmados estão os "habitués" Xutos & Pontapés, apesar de não terem ainda data marcada, e os Da Weasel, que vão actuar no mesmo dia dos RHCP.

Thursday, February 09, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 6

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 6: 1985



Quem não se recorda da célebre música “We Are The World”? Foi precisamente neste ano que saíu no álbum “USA For Africa: We Are The World”, uma das mais célebres tentativas de activismo e ajuda aos países pobres através da música. Participaram nas gravações 45 vocalistas, entre eles Michael Jackson, Stevie Wonder, Bob Dylan, Tina Turner ou Bruce Springsteen. Um gesto importante, mais pela parte simbólica e de solidariedade, do que propriamente pela qualidade musical.

Relativamente a lançamentos discográficos, pode-se considerar que 1985 foi um tubo de ensaio para muitas bandas testarem conceitos e abordagens que nos anos seguintes valeram muitas obras primas. Embora discutível, penso que a grande maioria dos álbuns lançados neste ano não foram assim tão importantes para o desenvolvimento do rock numa perspectiva histórica, pois os verdadeiros clássicos de bandas que lançaram discos em 1985 estavam ainda para vir. Para ser mais concreto vou dar alguns exemplos. Os Bon Jovi lançam “7800 Fahrenheit”, mas o grande êxito vai acontecer no ano seguinte com “Slippery When Wet”. Os Slayer, reis do trash metal, trazem “Hell Awaits”, um bom álbum mas que no entanto vai ser “esquecido” pelo lançamento do ano seguinte, “Reign In Blood”, talvez um dos álbuns mais marcantes e definidores do estilo. “Spreading The Disease”, dos Anthrax (que tiveram um papel bastante importante no desenhar de novas fronteiras dentro do heavy metal), ajuda a definir o estilo da banda, que acaba por lançar um dos seus melhores álbuns em 1987, “Among The Living”. E ainda mais exemplos poderíam ser dados, mas fico por aqui para não estender demasiado o texto. Para a história fica, sem dúvida, “Brothers In Arms” dos Dire Straits, o 6º álbum da banda inglesa.


Os Dire Straits, liderados pelo guitarrista/vocalista Mark Knopfler, começam a aparecer no final da década de 70, e estreiam-se com o álbum homónimo em 1978, que fica claramente marcado pelo extraordinário “Sultans Of Swing”, um dos maiores êxitos de sempre da banda. Mas foram precisos alguns anos para a banda assinar aquele que pode ser considerado um dos melhores e mais bem conseguidos álbuns da sua carreira, senão mesmo o mais apreciado. O estilo melancólico e as intrincadas malhas de guitarra de Knopfler tornam-se definitivamente imagem de marca dos Dire Straits e influência marcante no rock dos anos vindouros. Neste álbum temos clássicos como “So Far Away”, uma balada sobre o sofrimento amoroso, “Money For Nothing” (intro com memorável riff de guitarra), tema que fez sensação na MTV durante anos e que fala precisamente das estrelas de rock e da MTV, o épico “Brothers in Arms” sobre o flagelo da guerra na Escócia e ainda o “feeling” rock n’ roll de “Walk of Life”. Um álbum que vale definitivamente a pena (re)descobrir.


Até para a semana.
Keep on Rockin' in the Free World!

Tuesday, February 07, 2006

No comments

freedom /fri:dam/ n 1 nu the condition of being free: freedom of thought/speech.








"There is no such thing as a Holy War"

Thursday, February 02, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 5

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 5: 1984


Não se pode considerar que 1984 tenha sido um ano particularmente rico em acontecimentos marcantes para a história do rock. A música pop dominava quase por completo os tops e assiste-se ao aparecimento do reggae no mercado mainstream. No entanto foram vários os álbuns lançados este ano que merecem referência, pelas mais variadas razões. “Fistful Of Metal”, a estreia dos Anthrax, uma banda que vai criar uma sonoridade original, misturando vários estilos na sua sonoridade maioritariamente heavy. Os australianos AC/DC continuam a sua carreira com "’74 Jailbreak", Jon Bon Jovi lança o álbum homónimo “Bon Jovi”, os britânicos Iron Maiden continuam a sua saga com “Powerslave” e os Metallica voltam a surpreender tudo e todos com o seu segundo álbum, “Ride The Lightning”. Uma banda que vai ser determinante ainda esta década e também nas seguintes lança um bom álbum. São os U2 com o álbum “Unforgettable Fire”, que conta com alguns temas emblemáticos da banda irlandesa.

No entanto os álbuns escolhidos para os mais representativos do ano foram “Born in the USA” de Bruce Springsteen e “Couldn’t Stand The Weather” de Stevie Ray Vaughan (SRV).


Este excepcional guitarrista é um dos principais responsáveis pelo revivalismo do blues nos anos 80. O seu estilo inconfundível fundia os blues com o rock, como ninguém o tinha feito até então. A sua banda, intitulada Stevie Ray Vaughan & Double Trouble começou por tocar no circuito de bares no Texas, e acaba por dar nas vistas em 1982, no conhecido Festival de Montreux. David Bowie era um dos espectadores e no fim convidou SRV para gravar com ele. O guitarrista aceitou o desafio e gravou as guitarras lead daquele que viría a tornar-se um dos álbuns com mais sucesso de Bowie: “Let’s Dance”. SRV consegue também obter considerável sucesso no seu álbum de estreia, “Texas Flood” em 1983, e consegue corresponder às expectativas logo no ano seguinte, lançando “Couldn’t Stand The Weather”, mais um grande álbum de blues-rock. Apesar de metade dos temas neste álbum serem covers, a música é sem dúvida de qualidade. A inevitável cover de Voodoo Chile (Slight Return) do mestre Jimi Hendrix, muito bem interpretada por SRV, a juntar aos originais “Couldn’t Stand The Weather”, “Tin Pan Alley (AKA Roughest Place In Town)” ou “Stang’s Swan” chegam para percebermos o tipo de músicos que podemos ouvir neste álbum. É o virtuosismo de um blues man, com algumas inclinações jazzy e rock, que veio alargar a fronteira destes estilos diferentes, através do inconfundível toque que dava às suas composições na guitarra.


Estamos perante um músico que dispensa quaisquer apresentações. Bruce Springsteen tinha começado a sua carreira em na primeira metade da década de 70, e apesar de já contar com alguns álbuns por esta altura, nenhum se tinha sequer aproximado do sucesso de “Born In The USA”. Depois de sete singles saídos deste álbum, uma tournée de suporte que durou dois anos e mais de 10 milhões de cópias vendidas, Springsteen tornou-se um dos mais conhecidos “rockeiros” de sempre. Não que Bruce seja um dos mais inovadores compositores de rock n’roll ou mesmo um músico genial, certo é que a pouco e pouco se foi tornando um ícone deste estilo de música. Neste álbum encontramos alguns dos temas mais conhecidos da carreira do norte-americano, como “Glory Days”, “Dancing In The Dark”, o inevitável “Born In The USA” ou ainda “My Hometown”. É sem dúvida um dos álbuns que mais vendeu e que mais marcou a época, no que ao rock diz respeito.


Até para a semana.
Fight Fire With Fire!

Tuesday, January 31, 2006

Um 25 de Abril diferente!


Uma boa notícia para os fãs portugueses: os Fear Factory (FF) regressam a Portugal para um concerto no dia 25 de Abril, no Incrível Almadense. A banda formou-se em 1990 em Los Angeles, e foi alcançando um ligar de destaque devido à originalidade do som que praticava, uma mistura de metal com industrial. O estilo intenso da bateria (muito pedal duplo e ritmos que fazem lembrar maquinaria), aliando essa pujança aos riffs pesados e groovy da guitarra, e a refrões muito fortes, são os elementos mais importantes da sonoridade da banda. Os melhores momentos surgem em 1995 com "Demanufacture" e em 1998 com o conceptual "Obsolete". A banda lança ainda "Digimortal" em 2001, antes de se separar por divergências entre Dino Cazares (guitarrista) e Burton C. Bell (vocalista). Muitos temeram que fosse o fim de uma das maiores bandas de industrial de sempre, mas a banda nunca chegou a terminar. Os FF lançam para o mercado uma demo de gravações, com o nome de "Concrete", em 2002, e no ano seguinte um álbum de raridades e remisturas, apelidado de "Hatefiles". Mas apesar do esforço, os FF parecíam condenados ao fim. É então que Cazares decide saír e Burton C. Bell regressa, permitindo à banda um esforço para voltar aos "bons velhos tempos", com o lançamento, finalmente, de um álbum de originais. "Archetype" foi a tentativa de colocar os FF outra vez no bom caminho, mas a saída de Cazares tinha deixado marcas. Só em 2005, com um novo lançamento, a banda consegue alcançar um patamar mais próximo daquilo que tinha feito no passado. "Transgression" já possui aquela sonoridade que nos faz perceber em poucos segundos a banda que estamos a ouvir, e tem alguns temas bastante fortes, a fazer lembrar "Demanufacture" ou mesmo "Obsolete". É com este novo álbum na bagagem que os Fear Factory se vão apresentar em Almada, em Abril, para gáudio de todos os fãs da banda. Quem já os viu ao vivo sabe do que falo. A energia destilada pela banda e absorvida pelo público gera espectáculos puros de adrenalina e boa música. Resta então esperar pelo 25 de Abril...

Wednesday, January 25, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 4

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 4: 1983

Este ano ficou marcado pelo lançamento do álbum de estreia dos Metallica, não tanto pelo sucesso que alcançou (ainda algo limitado por esta altura), mas principalmente pela enorme influência que teve nos anos seguintes em inúmeras bandas e no rumo musical que muitos seguiram a partir desta data. Por outro lado, Dave Mustaine, o guitarrista que tinha sido expulso de Metallica em 1982 forma os Megadeth, outra banda determinante para a história nas décadas de 80 e 90.

Noutra área, de salientar também a formação dos Red Hot Chilli Peppers e o grande êxito, finalmente (algumas décadas depois), de um álbum de blues rock. Foi “Texas Flood”, de Stevie Ray Vaughan, um guitarrista extremamente talentoso que misturava a energia do rock com as partes mais calmas e “tristes” do blues, e que vai também influenciar muitos músicos daqui para a frente.

Relativamente a álbuns influentes, resolvi escolher “Kill’Em All” dos Metallica, pelas razões já salientadas, e “Eliminator” dos ZZ Top.


Os ZZ Top são um trio formado na década de 70, que se dedicou a uma fusão do blues com o rock, criando um estilo muito particular. Conhecidos também pelas suas longas barbas, os músicos norte-americanos tinham as suas raízes no blues, mas ao longo do tempo foram criando um blues “groovy”, com muito rock à mistura, e vocalizações mais semelhantes ao que se fazía no rock. “Eliminator” é o nono álbum da banda, e um dos melhores. A banda conseguía finalmente ganhar um maior estatuto, atingindo a fórmula do sucesso. “Gimme All Your Lovin’ ”, “Legs” ou “Sharp Dressed Man” foram singles que fizeram sucesso. Não que os ZZ Top não fossem conhecidos por esta altura, mas “Eliminator” acaba por ser um dos álbuns mais marcantes da carreira talvez porque tinha a sonoridade apropriada para a época. É um álbum bem conseguido, que se ouve bastante bem do princípio ao fim.


Aquela que é hoje a maior banda de metal do mundo estreou-se neste ano com o impressionante “Kill’Em All”. E digo impressionante porque ouvir este álbum hoje não é o mesmo que há 22 anos atrás. Em 1983 o trash metal dos Metallica surpreendeu o mundo do rock, misturando riffs e solos rápidos, músicas energéticas, letras acutilantes, um baixista virtuoso e as boas, embora ainda inexperientes vocalizações de Hetfield. Analisando o álbum mais pormenorizadamente, a abertura com “Hit The Lights” não podía ser melhor, 4 minutos e 17 segundos de riffs alucinantes e longos e rápidos solos de guitarra deixam água na boca para o que vem a seguir. “The Four Horsemen”, 7 minutos, com um interlúdio mais calmo e um grande solo para terminar. Depois é “sempre a abrir” com “Motorbreath” e “Jump In The Fire”, uma pausa para descansar com um grande tema/solo de baixo do saudoso Cliff Burton em “Anesthesia – Pulling Teeth”, o alucinante 300 à hora “Whiplash”, “Phantom Lord”, “No Remorse”, o clássico “Seek & Destroy” e para terminar “Metal Militia”. Não há temas fracos neste álbum, é ouvir de uma ponta à outra. Inovadores e agressivos q.b., os Metallica estavam apenas a começar aquilo que os vai transformar anos depois na maior banda de heavy metal do mundo.


Até para a semana!
Kick it Loud!

Tuesday, January 24, 2006

A Arte de Improvisar


Faz hoje (24 Janeiro) precisamente 31 anos que foi gravado "The Köln Concert". Keith Jarrett, um dos mais conceituados pianistas de jazz, actua a solo em Köln, num concerto magnífico que fica para sempre imortalizado em CD. O músico norte americano nasceu em 1945 e começou a ter aulas de piano logo aos 3 anos, depois da sua família ter reparado que a criança tinha um dom particular para a música. Aos 6 anos deu o seu primeiro concerto a sério, terminando com 2 composições suas! A sua educação musical em piano foi estritamente clássica, mas Keith começa a interessar-se por jazz ainda na sua juventude. Passa um ano na Berklee School Of Music (uma das mais conceituadas escolas de música do mundo) mas o seu início no mundo do jazz não foi fácil. Keith Jarrett passava muito tempo no Village Vanguard, local onde haviam "jam sessions" nocturnas, à espera de uma oportunidade para tocar. E quando ela apareceu, não a desperdiçou. O seu talento foi reconhecido imediatamente por Art Blakey (uma lenda na bateria jazz) que o convidou para tocar com os New Jazz Messengers. Uns anos após foi Miles Davis que reconheceu o enorme potencial de Jarrett e o aliciou a tocar com ele, mas aquele recusou por algumas vezes o convite de uma das maiores figuras do jazz de sempre. Mas Jarrett deve-se ter apercebido da oportunidade que estava a perder e acabou por juntar-se a Davis, sendo o outro pianista Chick Corea. Ter melhores músicos de jazz por perto era difícil, e Keith certamente aprendeu bastante, pois acaba por se tornar num dos melhores pianistas improvisadores do mundo do jazz. E foi em 1973 que Keith decidiu fazer aquilo que o tornou mais famoso: dar concertos de improvisação a solo. Estes concertos eram pura improvisação, Jarrett não levava para o palco nenhuma composição anterior, apenas se "limitava" a sentar-se ao piano e a tocar!! Todos ficaram estupefactos com o facto de o músico conseguir tocar a solo tanto tempo seguido, a improvisar, e sem erros. Este "The Köln Concert" tem perto de uma hora e foi, da série de concertos a solo publicados, aquele que mais vendeu. Vale a pena ouvir o mestre da improvisação numa hora de puro jazz, sem fronteiras, sem preconceitos, sem limites...

THE KÖLN CONCERT:

Part I - 26:02
Part II a - 14:54
Part II b - 18:13
Part II c - 6:59

Thursday, January 19, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 3

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 3: 1982

1982 não foi um ano particularmente generoso no que respeita a álbuns muito influentes na hitória do rock. Mas alguns acontecimentos viríam a marcar em definitivo os próximos anos e décadas. Randy Rhoads, o promissor guitarrista de Ozzy Osbourne, morre num acidente de aviação. Rhoads tinha criado um estilo muito próprio, numa altura em que muitos guitarristas se limitavam a copiar Eddie Van Halen, e foi um dos primeiros a incorporar a técnica e sonoridade da música clássica nas suas composições (mais tarde Yngwie Malmsteen vai desenvolver esse aspecto bastante mais).
Nos bastidores havia muitas movimentações. É neste ano que em San Francisco, mais concretamente na Bay Area, James Hetfield e Lars Ulrich formam os Metallica. Logo no ano a seguir vão dar que falar. Outras bandas importantes para o curso da história também se estavam a formar, embora demorassem mais a ser notadas. Falo por exemplo dos Pantera ou dos Faith No More.
Mais uma vez a escolha dos álbuns mais influentes do ano foi bastante complicada. A decisão recaíu sobre a estreia de Billy Idol a solo e sobre o clássico “The Number Of The Beast” dos Iron Maiden.


Depois de uma passagem pelos Generation X, que acabam por se separar, o músico britânico decide estrear-se a solo com “Billy Idol”. Uma imagem rebelde e um som pop/rock são a imagem de marca de Idol, que aproveita muito bem a nova conjuntura da indústria musical, com o aparecimento da MTV. Isto porque é muito por “culpa” de dois videoclips, “White Wedding” e “Dancing With Myself” (este tema era uma remistura do original de Generation X), que obtêm considerável tempo de antena na MTV que o álbum acaba por ter mais sucesso junto do público. Mais tarde, em Julho de 1983, o single “White Wedding” acaba por entrar para o top 40, muito devido ao tempo de antena que obteve na televisão. Ainda antes, o primeiro single de Billy Idol, “Eyes Without a Face”, lançado no EP “Don’t Stop” (em 1981) obtém considerável sucesso e chega ao top 40 em Junho de 1982. Estes são os temas mais fortes do álbum, e é o começo de um artista que vai fazer história e marcar o seu nome nos mais famosos do rock n’roll mundial.


Se os Maiden já andavam nas bocas do mundo após “Iron Maiden” e “Killers”, com “Number Of The Beast” a banda conquistou finalmente um estatuto superior entre os fãs e a crítica. O primeiro álbum com Bruce Dickinson na voz torna-se num tremendo sucesso. E menos não sería de esperar se olharmos para os temas que compõem este álbum. “Run To The Hills” é hoje um dos temas mais conhecidos de heavy metal e ponto alto de qualquer actuação da banda inglesa – um verdadeiro hino. Quase o mesmo se pode dizer do tema que dá nome ao álbum, “The Number Of The Beast”, que valeu aos britânicos o rótulo de satânicos e a proibição da venda do álbum em alguns países. Hoje continua a ser também uma música de referência para os fãs do heavy metal em geral. Podemos ainda apreciar “The Prisoner”, “22 Acacia Avenue” ou uma das grandes baladas dos Maiden, “Hallowed Be Thy Name”. Uma música fantástica, onde desde logo Bruce Dickinson deixa antever todo o seu potencial. E confirma-se: mais de 20 anos depois Bruce é uma das maiores, senão a maior referência, quando se fala em vocalistas de metal.


Até para a semana.
Up The Irons!!!