Capítulo 8: 1987
Talvez pela primeira vez na história uma banda tinha conseguido misturar géneros tão diferentes como o hip-hop, o funk, o heavy metal e o rock, sem que soasse forçado ou sem qualidade. Os autores da “proeza” eram os Faith No More (FNM), que em 1987 lançam o seguimento de “We Care a Lot” (1985), intitulado “Introduce Yourself”. Só faltava uma coisa para a música dos FNM se elevar a patamares ainda superiores: o fantástico vocalista Mike Patton, que se junta à banda em 1988. Muitas foram as bandas influenciadas pela sonoridade dos FNM, mas estes sempre foram a grande referência do estilo, até à sua separação definitiva em 1998.
Noutra área, a do rock instrumental, Joe Satriani abria definitivamente caminho à grande dificuldade que os músicos tinham em lançar álbuns instrumentais, pois são dirigidos a um mercado substancialmente mais pequeno e as editoras não apostavam neste estilo. Conseguiu-o com um álbum que é, até hoje, considerado um clássico do rock instrumental: “Surfing With The Alien”. O virtuoso guitarrista estruturou muito bem as músicas, e em vez das melodias e refrões normalmente cantados, temos as guitarras a assumir o papel principal. E a qualidade do álbum faz com que nos esqueçamos das vozes por completo, os instrumentos assumem o papel principal e conseguem transmitir-nos os mais variados sentimentos sem que seja necessário recorrer a quaisquer palavras.
Por esta altura haviam uns irlandeses que andavam nas bocas do mundo. Como já devem ter percebido, eram os U2. A banda liderada por Bono contava já com 4 discos e em 1987 lança um dos melhores e mais bem sucedidos álbuns da sua carreira: “The Joshua Tree”. Os U2 são hoje talvez a maior referência do rock n’roll mundial, não apenas pela música que fazem mas também pelo seu activismo político. A banda irlandesa conseguiu criar um som único, aliando à sonoridade tradicionalmente rock as guitarras carregadas de reverb e echo, alguns elementos electrónicos (principalmente na década de 90) e a voz poderosa e singular de Bono.
Outra banda que iria dar muito que falar era originária dos Estados Unidos e intitulava-se Guns N’Roses (GN’R). Os GN’R foram uma pedrada no charco no mundo do rock da altura. Por tudo o que trouxeram musicalmente, mas também pela atitude rebelde e de confrontação, pelas inúmeras polémicas que foram causando e ainda pelo seu frontman, Axl Rose. É neste ano que lançam o seu álbum de estreia, “Appetite for Destruction”, um misto de hard rock e grandes baladas. Até hoje, poucas bandas conseguiram alcançar o talento e estatuto que os GN’R tiveram durante muitos anos, até à saída de todos os elementos da banda, excepto o vocalista Axl Rose, no final da década de 90.
“The Joshua Tree” contém alguns dos maiores hinos da banda irlandesa. Menos político em termos líricos que “War”, este álbum move-se por terrenos mais escuros e tenta encontrar sentido e esperança num mundo melhor. Ao todo são 11 canções ao estilo dos U2, onde também conseguimos encontrar influências de country e blues. Para a história ficam músicas eternas como “Where The Streets Have No Name”, “With or Without You” e “I Still Haven’t Found What I’m Looking For”. Goste-se ou não, é difícil ficar indiferente à força destas canções.
Se ouvirmos este álbum e tentarmos recuar no tempo, facilmente percebemos o enorme talento dos GN’R: quase 20 anos depois o som mantém-se de uma actualidade impressionante. Riffs pesados q.b., intercalados com grooves bluesy e grandes solos de guitarra (da dupla Slash e Izzy), juntos com uma secção rítmica bastante coesa e o poder vocal e icónico de Axl Rose foram a chave para o sucesso e reconhecimento. Desde o início com o rápido e cru “Welcome to the Jungle”, passamos por canções mais lentas e melancólicas como “Mr. Brownstone” e temos ainda os hinos “Paradise City” e “Sweet Child O’Mine”, entre muitos outras canções de intensidades e ambiências diferentes, este é sem dúvida um álbum para ouvir do princípio ao fim.
Até para a semana.
Take Me Down To The Paradise City!