Monday, July 31, 2006

Miles Away


Há músicos que marcam uma geração. Mas há outros que vão ainda mais longe. Mudam toda a forma de pensar, tocar e estruturar uma peça musical. Revolucionam as nossas mentes, chocam com métodos instituídos e irritam os críticos que não os conseguem compreender. E estes músicos não marcam apenas uma geração – deixam a sua marca de tal forma impressa que a partir daí a música nunca mais é a mesma. Atravessam décadas e o legado perdura para sempre. Veja-se o caso de Mozart, Beethoven, Rachmaninoff ou Jimi Hendrix. Quantos anos passaram desde as últimas composições destes génios? Mesmo que não se perceba, aquilo que fizeram pela música continua a perdurar e as composições da actualidade serão sempre influenciadas por o que se conseguiu evoluir no passado.

Miles Davis é uma destas excepções. O trompetista norte-americano revolucionou a música no século XX e a sua influência vai perdurar por muitos séculos. O menino que nasceu em Saint Louis cedo ganhou interesse pela música e mudou-se para New York assim que completou o ensino secundário. Foi aqui que conheceu o mundo do jazz, no famoso circuito de bares da Big Apple. Ainda jovem, Miles conheceu alguns nomes grandes do jazz como Charlie Parker, Jack DeJohnette ou Art Blakey. Aprendeu com eles, mas tão importante como isso foi a preocupação em encontrar a sua “voz” no trompete, a sua sonoridade, aquilo que o iria distinguir de todos os outros. Esse foi um percurso de toda uma vida, que pode ser apreciado na longa discografia do artista. Desde os primeiros anos a tocar standards até à fase “eléctrica” e progressiva, Miles Davis é inconfundível. Trabalhou com John Coltrane, Sonny Rollins, Chick Corea, Keith Jarrett, Art Tatum, Charles Mingus, Philly Joe Jones, Dizzy Gillespie, entre muitos outros. Mas sempre se conseguiu destacar pela originalidade, criatividade e inovação. Como li nalgum lado, Miles Davis é o Picasso do jazz. Não sei se a comparação é ideal ou não, mas o trompetista negro de mau feitio é talvez o músico mais influente do jazz do século passado.

Pouco tempo antes de Jimi Hendrix falecer, os dois músicos tinham-se juntado e preparavam-se para gravar um álbum juntos.
Infelizmente, esse disco nunca chegou a acontecer. Miles soube da notícia da morte do guitarrista, e pela primeira vez na sua vida achou que devia ir a um funeral. O sonho tornava-se impossível de realizar: conhecendo-se o génio dos dois músicos, a música seria provavelmente algo impossível de descrever. Afinal o que aconteceria se se juntassem os dois maiores músicos do século XX??? Nunca se saberá...

Miles morreu em 1991, mas a sua música é eterna.