Wednesday, April 26, 2006

FF@Almada


O grande nome do metal industrial passou ontem à noite por Almada. Os Fear Factory (FF) não deram descanso a ninguém durante 1 hora e 45 minutos. Deve ser por isso que os meus ouvidos continuam a emitir feedback, e o corpo dói como se tivesse estado a fazer desporto durante duas horas. Mazelas que ficam de um concerto, mas que não chegam para relegar as boas memórias para segundo plano. Os norte-americanos estiveram iguais a si próprios e destilaram riffs industriais, acompanhados pela "metralhadora" que é a bateria de Raymond Herrera, um espectáculo dentro do próprio espectáculo. Felizmente os dois últimos álbuns foram os menos tocados, com a banda a concentrar a maior fatia do concerto em "Demanufacture" e "Obsolete", os discos mais conseguidos na carreira dos FF. Não faltou nenhuma das grandes músicas, acompanhadas por abundante mosh e crowd surfing. Os seguranças não tiveram mãos a medir...

Desde "Self Bias Resistor", "Shock", "Edgecrusher", "Linchpin", passando por "Martyr", entre muitas outras, e o encore com "Replica" e "Ressurrection", era difícil pedir mais. O Incrível Almadense voltou a viver uma grande noite de metal, e os fãs de FF também. Parte de "Walk" (dos Pantera) foi também revivido pelos FF, numa homenagem ao falecido guitarrista Dimebag Darrel, que chegou para pôr todos a saltar e a gritar o nome de um dos mais carismáticos guitarristas do heavy metal (morto por um fã durante um concerto, em 2004).
Pena que ultimamente os concertos de metal andem tão escassos por cá. As melhores bandas (não significa as mais conhecidas) continuam sem incluir o nosso país nas suas tournées. Será que os nossos promotores de concertos andam a dormir, ou só lhes interessa trazer grandes nomes ao Pavilhão Atlântico?

Thursday, April 20, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 15

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 15: 1994


De 12 a 14 de Agosto realizou-se a segunda edição do Festival Woodstock, em comemoração dos 25 anos sobre o evento original de 1969. Com o lema “Three more days of peace, love and music”, o festival teve um ambiente completamente diferente do Woodstock original e acaba mesmo por ficar conhecido como “Mudstock” devido às enormes batalhas de lama entre o público presente e algumas bandas. Os maiores nomes presentes foram Santana, Aerosmith, Peter Gabriel, Metallica, Green Day, Nine Inch Nails, Red Hot Chilli Peppers, Cypress Hill, Joe Cocker, entre outros.
Kurt Cobain suicida-se na sua própria casa, em A
bril deste ano, e a sua morte acaba por torná-lo num ícone da música rock em todo o mundo. Neste ano é editado “MTV Unplugged in New York”, até hoje um clássico dos álbuns ao vivo, e uma das maiores performances da banda antes da morte do seu frontman.


O quarto álbum dos Soundgarden acaba por ser o que mais sucesso teve na carreira do grupo originário de Seattle. “Superunknown” é um disco que revela uma banda no auge da originalidade e maturidade na composição, enquanto mantém as características da sonoridade do quarteto. O som grunge, com influências “Zeppelianas” e de heavy metal, marca o som dos Soundgarden, além das dissonâncias e compassos invulgares. Neste disco há também algumas incursões pela pop, no que é exemplo o hit single “Black Hole Sun”. Ao todo são 15 músicas, que ajudaram a elevar os Soundgarden a banda de culto. Sem dúvida um dos grandes discos desta década.


“Burn My Eyes” foi uma das grandes surpresas do ano. O disco de estreia dos Machine Head apresenta ao mundo uma sonoridade que rivaliza com os melhores álbuns de Pantera, e que consegue soar original ao mesmo tempo. Tarefa nada fácil para um primeiro disco, mas o que é certo é que os MH demonstram aqui toda a sua capacidade para compor, além de uma enorme coesão no resultado final. Os riffs de guitarra não podiam ter mais groove, a voz assenta que nem uma luva e a secção rítmica é bastante boa. É deste disco que saem temas como “Old”, “Davidian”, “A Thousand Lies” ou “Block”, que até à data continuam a ser dos melhores alguma vez editados pela banda.


Até para a semana.
How Does it Feel to Be Alive?!

Tuesday, April 18, 2006

Terror, onde?


"Hostel", de Eli Roth, é para já uma das grande desilusões do ano. A hábil campanha de marketing americana funcionou em pleno, o nome de Quentin Tarantino (como produtor executivo) ajudou a chamar pessoas às salas, mas no final de contas "Hostel" não passa de um filme medíocre, com alguns salpicos de gore à mistura. Três adolescentes (dois americanos e um islandês) conhecem-se durante uma viagem pela Europa e, depois de ouvirem uma história mirabolante sobre Bratislava e a facilidade de arranjar mulheres, decidem ir até à capital eslovaca. Em Bratislava as coisas não serão tão fáceis como parecem, e os jovens vêem-se envolvidos num complexo esquema de tráfico de carne humana.

A primeira metade do filme chega a ser muito má, e parece que estamos a ver um qualquer teenager road movie de má qualidade, com um argumento que roça a banalidade. Ao fim de quase uma hora lá vem um pouco de gore, quase forçado, aparecendo como acessório de uma estória muito fraca, e não de uma forma natural. Isto, para um filme que se apresentava no cartaz como "the scariest movie in a decade", é manifestamente insuficiente.
O filme aborda o tráfico de seres humanos, que são depois mortos de várias formas por psicopatas que pagam para assassinar as vítimas das mais diversas formas. Mesmo assim o realizador cai muito no facilitismo, e nunca chega a explorar o lado da estória que poderia ser desenvolvido de uma forma muito mais interessante. Excepção feita a duas ou três cenas e alguns pormenores, o resto do filme acaba por ser demasiado superficial e caír facilmente no tédio. O filme até poderia servir para uma séria reflexão sobre a crueldade humana para com os seus semelhantes e os limites do sofrimento e tortura impostos, mas é certamente coisa que não se vê neste "Hostel". Os efeitos sonoros e a música são demasiado excessivos, "empurrando" sempre o espectador para onde o realizador deseja, não deixando que os sentimentos passem de uma forma natural através da imagem e do próprio argumento.

Ao contrário do que estava à espera, este é um filme de estúdio à boa maneira hollywoodesca, e como geralmente sucede neste género, a boa produção não disfarça o mau conteúdo, e a lógica comercial sobrepõe-se ao interesse de criar um filme com qualidade que leve as audiências a reflectirem.
Vejam. Mas depois não digam que não avisei!

Thursday, April 06, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 14

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 14: 1993


Em 1993 é lançado o último álbum de estúdio dos Nirvana, “In Utero”. Kurt Cobain viria a morrer no ano seguinte e a carreira dos Nirvana termina. Este ano vê partir Frank Zappa, um dos maiores génios musicais do século XX ligados ao rock. Zappa torna-se uma das maiores influências para músicos da sua geração e das seguintes.
O mítico vocalista dos Iron Maiden resolve sair da banda, após muitos anos e os britânicos dão o seu último concerto com Dickinson em Agosto, espectáculo que é transmitido pela televisão britânica (Bruce acaba por mais tarde regressar aos Maiden, levando consigo Adrian Smith, mais concretamente em 1999, depois de ter lançado vários discos a solo). Quanto aos álbuns mais influentes do ano, a escolha vai para os Sepultura, Gary Moore e Anthrax.


Um dos álbuns mais proeminentes desta década. Os brasileiros Sepultura conseguem um dos discos mais aclamados da sua carreira, juntando percussões fortes, letras que denunciavam a situação caótica no Brasil, ritmos bastante pesados e a brutal voz de Max Cavalera. Impressionante para quem conhece os primeiros passos da banda, onde gravam o primeiro disco pouco tempo depois de estarem juntos e ainda a aprender a tocar os instrumentos. Mas a evolução da banda foi rápida e notória de álbum para álbum, conseguindo alcançar alguns anos depois o estatuto de banda de culto no meio heavy metal mundial. Este “Chaos A.D.” tem grandes músicas como “Refuse/Resist”, “Territory”, a instrumental “Kaiowas”, “Propaganda” ou ainda “Nomad”, entre outras. Os Sepultura mostraram ao mundo outra forma de abordar e de fazer heavy metal, e apesar da saída de Max Cavalera (que veio a formar os Soulfly) após o sucessor de “Chaos A.D.” (“Roots”), esse mérito já ninguém lhes tira.


Gary Moore é um dos mais conceituados e talentosos guitarristas de blues rock das últimas décadas. O irlandês conseguiu o seu espaço ao criar um estilo e sonoridade muito próprias, nunca fugindo às raízes tradicionais do blues, mas acrescentando-lhe tonalidades rock e uma capacidade de composição acima da média. “Blues Alive” é um disco bastante interessante, com os maiores êxitos do guitarrista e um som muito bom, tendo em conta que é um álbum ao vivo. Toda a mestria e técnica de Moore podem ser apreciadas, desde as músicas mais rock como “Cold Day in Hell” ou “Walking By Myself”, passando pelas inevitáveis baladas e grandes sucessos como “Still Got The Blues”, “Parisienne Walkways” ou “The Sky is Crying”. É mais um daqueles discos para devorar do princípio ao fim, com as habituais improvisações num álbum ao vivo, que nos dão algo mais do que os álbuns de estúdio.


Para alguns, os Anthrax foram tão importantes como os Metallica ou os Megadeth na definição e crescimento do heavy e trash metal. Mas se isso é discutível, uma coisa parece certa: os Anthrax criaram uma sonoridade diferente (misturando algum hardcore, punk ou mesmo hip-hop) dentro do estilo clássico do heavy metal. E souberam-no fazer com sabedoria e qualidade, não só na parte instrumental, mas também nas letras e mensagem. “Sound of White Noise” surge numa fase de transição para os norte-americanos, que substituem o vocalista Joey Belladona por John Bush. Felizmente a qualidade das músicas fez com que a mudança de vocalista passasse para segundo plano, e nem nos lembramos disso ao ouvir o disco. “Only”, com um ritmo contagiante, “Room For One More”, “Hy Pro Glo”, “Invisible” ou “This is Not an Exit” são alguns exemplos da sonoridade que encontramos neste disco. Riffs de guitarra bem conseguidos, secção rítmica ao melhor nível e a voz de John Bush a encaixar perfeitamente no estilo e espírito das músicas. Para quem gosta de bom heavy metal, este é um daqueles discos que se devem ter na colecção.


Até para a semana.
Refuse. Resist!

Sunday, April 02, 2006

Mais sugestões...

Bernardo Sassetti
Concerto baseado na banda sonora do filme “Alice”, de Marco Martins
Teatro Maria Matos

6 de Abril, 21h30


Rip Curl Pro (WQS Surf)
Peniche

7 a 9 de Abril





Festival Internacional de Cinema Independente - Indie Lisboa 2006
de 20 a 30 de Abril
Cinemas Londres, King e Fórum Lisboa
www.indielisboa.com


Fear Factory

Incrível Almadense
25 de Abril, 21h