Monday, February 13, 2006

Loose Thoughts










Em que medida uma imagem, um som, um filme, nos faz sonhar, nos faz pensar em inúmeras coisas simultaneamente?
Ouvimos frequentemente dizer que uma imagem vale mais que mil palavras. E uma melodia, será que vale mais que mil imagens? Qual é a importância da palavra? Tudo tem importância relativa na nossa vida... Para mim a linguagem é dos sistemas menos desenvolvidos. Quando me deparo com uma imagem "asfixiante" ou quando ouço uma melodia que me desperta sentimentos fortes, nunca na vida podería expressar isso em palavras. Não sei se precisaria de mil palavras, sei é que não há ainda palavras para descrevermos a "linguagem da nossa alma". Nem acredito que possa algum dia haver. Acho que é essa a grande magia das artes visuais ou da música. O artista consegue através da sua representação do mundo (seja ela uma fotografia, uma pintura, uma música) partilhar um sem número de sentimentos com o seu público, que de outra forma nunca conseguiría transmitir.
(Gostava de deixar algumas considerações para vossa reflexão)
1. Será esta a grande magia daquela a que chamamos 7ª arte? O cinema é talvez a mais recente arte, e aquela que mais cresceu e se modificou em menos de um século de vida. Nunca outra forma de arte "ousou" desenvolver-se a um ritmo tão acelerado. Antes tentava-se contar uma "estória" e comunicar com o público, o realizador preocupava-se em passar uma mensagem para as pessoas que víam o seu filme. Os realizadores tinham uma motivação para contar uma determinada "estória". Hoje vemos uma aproximação cada vez maior a uma linguagem vazia e interpretações banais, para dar lugar a uma invasão de efeitos especiais, que ocupam cada vez mais um papel principal nas maiores produções. O produtor escolhe o realizador que mais lhe convém e este muitas vezes limita-se a dar a cara por um filme em que não acredita.

2. Na música assistimos a um fenómeno semelhante. O estudo da música e a prática dos instrumentos dá lugar a sintetizadores e computadores que programam batidas e misturam samples. A evolução sempre fez parte da natureza humana. Mas será que algumas das coisas a que assistimos hoje se podem considerar evolução? Nem sempre a palavra futuro significa evolução. A regressão também faz parte da vida. Ás vezes temos que dar um passo atrás para depois conseguirmos dar dois em frente.
A era digital, os sintetizadores, os efeitos especiais vieram para ficar, disso não há dúvidas. A grande questão é aquilo que vamos valorizar no futuro: Mozart e Miles Davis ou Trance e 50 Cent? Não sou contra nenhum tipo de música, mas há batalhas que não merecem ser perdidas.
O resultado vai determinar se a arte continua a ser uma expressão de liberdade e criatividade individual ou se a massificação se instala de vez e vemos diluída a nossa identidade, o nosso ser. E aqui não há meio termo. Eu sei de que lado da barricada prefiro lutar.

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