Thursday, February 02, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 5

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 5: 1984


Não se pode considerar que 1984 tenha sido um ano particularmente rico em acontecimentos marcantes para a história do rock. A música pop dominava quase por completo os tops e assiste-se ao aparecimento do reggae no mercado mainstream. No entanto foram vários os álbuns lançados este ano que merecem referência, pelas mais variadas razões. “Fistful Of Metal”, a estreia dos Anthrax, uma banda que vai criar uma sonoridade original, misturando vários estilos na sua sonoridade maioritariamente heavy. Os australianos AC/DC continuam a sua carreira com "’74 Jailbreak", Jon Bon Jovi lança o álbum homónimo “Bon Jovi”, os britânicos Iron Maiden continuam a sua saga com “Powerslave” e os Metallica voltam a surpreender tudo e todos com o seu segundo álbum, “Ride The Lightning”. Uma banda que vai ser determinante ainda esta década e também nas seguintes lança um bom álbum. São os U2 com o álbum “Unforgettable Fire”, que conta com alguns temas emblemáticos da banda irlandesa.

No entanto os álbuns escolhidos para os mais representativos do ano foram “Born in the USA” de Bruce Springsteen e “Couldn’t Stand The Weather” de Stevie Ray Vaughan (SRV).


Este excepcional guitarrista é um dos principais responsáveis pelo revivalismo do blues nos anos 80. O seu estilo inconfundível fundia os blues com o rock, como ninguém o tinha feito até então. A sua banda, intitulada Stevie Ray Vaughan & Double Trouble começou por tocar no circuito de bares no Texas, e acaba por dar nas vistas em 1982, no conhecido Festival de Montreux. David Bowie era um dos espectadores e no fim convidou SRV para gravar com ele. O guitarrista aceitou o desafio e gravou as guitarras lead daquele que viría a tornar-se um dos álbuns com mais sucesso de Bowie: “Let’s Dance”. SRV consegue também obter considerável sucesso no seu álbum de estreia, “Texas Flood” em 1983, e consegue corresponder às expectativas logo no ano seguinte, lançando “Couldn’t Stand The Weather”, mais um grande álbum de blues-rock. Apesar de metade dos temas neste álbum serem covers, a música é sem dúvida de qualidade. A inevitável cover de Voodoo Chile (Slight Return) do mestre Jimi Hendrix, muito bem interpretada por SRV, a juntar aos originais “Couldn’t Stand The Weather”, “Tin Pan Alley (AKA Roughest Place In Town)” ou “Stang’s Swan” chegam para percebermos o tipo de músicos que podemos ouvir neste álbum. É o virtuosismo de um blues man, com algumas inclinações jazzy e rock, que veio alargar a fronteira destes estilos diferentes, através do inconfundível toque que dava às suas composições na guitarra.


Estamos perante um músico que dispensa quaisquer apresentações. Bruce Springsteen tinha começado a sua carreira em na primeira metade da década de 70, e apesar de já contar com alguns álbuns por esta altura, nenhum se tinha sequer aproximado do sucesso de “Born In The USA”. Depois de sete singles saídos deste álbum, uma tournée de suporte que durou dois anos e mais de 10 milhões de cópias vendidas, Springsteen tornou-se um dos mais conhecidos “rockeiros” de sempre. Não que Bruce seja um dos mais inovadores compositores de rock n’roll ou mesmo um músico genial, certo é que a pouco e pouco se foi tornando um ícone deste estilo de música. Neste álbum encontramos alguns dos temas mais conhecidos da carreira do norte-americano, como “Glory Days”, “Dancing In The Dark”, o inevitável “Born In The USA” ou ainda “My Hometown”. É sem dúvida um dos álbuns que mais vendeu e que mais marcou a época, no que ao rock diz respeito.


Até para a semana.
Fight Fire With Fire!

Tuesday, January 31, 2006

Um 25 de Abril diferente!


Uma boa notícia para os fãs portugueses: os Fear Factory (FF) regressam a Portugal para um concerto no dia 25 de Abril, no Incrível Almadense. A banda formou-se em 1990 em Los Angeles, e foi alcançando um ligar de destaque devido à originalidade do som que praticava, uma mistura de metal com industrial. O estilo intenso da bateria (muito pedal duplo e ritmos que fazem lembrar maquinaria), aliando essa pujança aos riffs pesados e groovy da guitarra, e a refrões muito fortes, são os elementos mais importantes da sonoridade da banda. Os melhores momentos surgem em 1995 com "Demanufacture" e em 1998 com o conceptual "Obsolete". A banda lança ainda "Digimortal" em 2001, antes de se separar por divergências entre Dino Cazares (guitarrista) e Burton C. Bell (vocalista). Muitos temeram que fosse o fim de uma das maiores bandas de industrial de sempre, mas a banda nunca chegou a terminar. Os FF lançam para o mercado uma demo de gravações, com o nome de "Concrete", em 2002, e no ano seguinte um álbum de raridades e remisturas, apelidado de "Hatefiles". Mas apesar do esforço, os FF parecíam condenados ao fim. É então que Cazares decide saír e Burton C. Bell regressa, permitindo à banda um esforço para voltar aos "bons velhos tempos", com o lançamento, finalmente, de um álbum de originais. "Archetype" foi a tentativa de colocar os FF outra vez no bom caminho, mas a saída de Cazares tinha deixado marcas. Só em 2005, com um novo lançamento, a banda consegue alcançar um patamar mais próximo daquilo que tinha feito no passado. "Transgression" já possui aquela sonoridade que nos faz perceber em poucos segundos a banda que estamos a ouvir, e tem alguns temas bastante fortes, a fazer lembrar "Demanufacture" ou mesmo "Obsolete". É com este novo álbum na bagagem que os Fear Factory se vão apresentar em Almada, em Abril, para gáudio de todos os fãs da banda. Quem já os viu ao vivo sabe do que falo. A energia destilada pela banda e absorvida pelo público gera espectáculos puros de adrenalina e boa música. Resta então esperar pelo 25 de Abril...

Wednesday, January 25, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 4

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 4: 1983

Este ano ficou marcado pelo lançamento do álbum de estreia dos Metallica, não tanto pelo sucesso que alcançou (ainda algo limitado por esta altura), mas principalmente pela enorme influência que teve nos anos seguintes em inúmeras bandas e no rumo musical que muitos seguiram a partir desta data. Por outro lado, Dave Mustaine, o guitarrista que tinha sido expulso de Metallica em 1982 forma os Megadeth, outra banda determinante para a história nas décadas de 80 e 90.

Noutra área, de salientar também a formação dos Red Hot Chilli Peppers e o grande êxito, finalmente (algumas décadas depois), de um álbum de blues rock. Foi “Texas Flood”, de Stevie Ray Vaughan, um guitarrista extremamente talentoso que misturava a energia do rock com as partes mais calmas e “tristes” do blues, e que vai também influenciar muitos músicos daqui para a frente.

Relativamente a álbuns influentes, resolvi escolher “Kill’Em All” dos Metallica, pelas razões já salientadas, e “Eliminator” dos ZZ Top.


Os ZZ Top são um trio formado na década de 70, que se dedicou a uma fusão do blues com o rock, criando um estilo muito particular. Conhecidos também pelas suas longas barbas, os músicos norte-americanos tinham as suas raízes no blues, mas ao longo do tempo foram criando um blues “groovy”, com muito rock à mistura, e vocalizações mais semelhantes ao que se fazía no rock. “Eliminator” é o nono álbum da banda, e um dos melhores. A banda conseguía finalmente ganhar um maior estatuto, atingindo a fórmula do sucesso. “Gimme All Your Lovin’ ”, “Legs” ou “Sharp Dressed Man” foram singles que fizeram sucesso. Não que os ZZ Top não fossem conhecidos por esta altura, mas “Eliminator” acaba por ser um dos álbuns mais marcantes da carreira talvez porque tinha a sonoridade apropriada para a época. É um álbum bem conseguido, que se ouve bastante bem do princípio ao fim.


Aquela que é hoje a maior banda de metal do mundo estreou-se neste ano com o impressionante “Kill’Em All”. E digo impressionante porque ouvir este álbum hoje não é o mesmo que há 22 anos atrás. Em 1983 o trash metal dos Metallica surpreendeu o mundo do rock, misturando riffs e solos rápidos, músicas energéticas, letras acutilantes, um baixista virtuoso e as boas, embora ainda inexperientes vocalizações de Hetfield. Analisando o álbum mais pormenorizadamente, a abertura com “Hit The Lights” não podía ser melhor, 4 minutos e 17 segundos de riffs alucinantes e longos e rápidos solos de guitarra deixam água na boca para o que vem a seguir. “The Four Horsemen”, 7 minutos, com um interlúdio mais calmo e um grande solo para terminar. Depois é “sempre a abrir” com “Motorbreath” e “Jump In The Fire”, uma pausa para descansar com um grande tema/solo de baixo do saudoso Cliff Burton em “Anesthesia – Pulling Teeth”, o alucinante 300 à hora “Whiplash”, “Phantom Lord”, “No Remorse”, o clássico “Seek & Destroy” e para terminar “Metal Militia”. Não há temas fracos neste álbum, é ouvir de uma ponta à outra. Inovadores e agressivos q.b., os Metallica estavam apenas a começar aquilo que os vai transformar anos depois na maior banda de heavy metal do mundo.


Até para a semana!
Kick it Loud!

Tuesday, January 24, 2006

A Arte de Improvisar


Faz hoje (24 Janeiro) precisamente 31 anos que foi gravado "The Köln Concert". Keith Jarrett, um dos mais conceituados pianistas de jazz, actua a solo em Köln, num concerto magnífico que fica para sempre imortalizado em CD. O músico norte americano nasceu em 1945 e começou a ter aulas de piano logo aos 3 anos, depois da sua família ter reparado que a criança tinha um dom particular para a música. Aos 6 anos deu o seu primeiro concerto a sério, terminando com 2 composições suas! A sua educação musical em piano foi estritamente clássica, mas Keith começa a interessar-se por jazz ainda na sua juventude. Passa um ano na Berklee School Of Music (uma das mais conceituadas escolas de música do mundo) mas o seu início no mundo do jazz não foi fácil. Keith Jarrett passava muito tempo no Village Vanguard, local onde haviam "jam sessions" nocturnas, à espera de uma oportunidade para tocar. E quando ela apareceu, não a desperdiçou. O seu talento foi reconhecido imediatamente por Art Blakey (uma lenda na bateria jazz) que o convidou para tocar com os New Jazz Messengers. Uns anos após foi Miles Davis que reconheceu o enorme potencial de Jarrett e o aliciou a tocar com ele, mas aquele recusou por algumas vezes o convite de uma das maiores figuras do jazz de sempre. Mas Jarrett deve-se ter apercebido da oportunidade que estava a perder e acabou por juntar-se a Davis, sendo o outro pianista Chick Corea. Ter melhores músicos de jazz por perto era difícil, e Keith certamente aprendeu bastante, pois acaba por se tornar num dos melhores pianistas improvisadores do mundo do jazz. E foi em 1973 que Keith decidiu fazer aquilo que o tornou mais famoso: dar concertos de improvisação a solo. Estes concertos eram pura improvisação, Jarrett não levava para o palco nenhuma composição anterior, apenas se "limitava" a sentar-se ao piano e a tocar!! Todos ficaram estupefactos com o facto de o músico conseguir tocar a solo tanto tempo seguido, a improvisar, e sem erros. Este "The Köln Concert" tem perto de uma hora e foi, da série de concertos a solo publicados, aquele que mais vendeu. Vale a pena ouvir o mestre da improvisação numa hora de puro jazz, sem fronteiras, sem preconceitos, sem limites...

THE KÖLN CONCERT:

Part I - 26:02
Part II a - 14:54
Part II b - 18:13
Part II c - 6:59

Thursday, January 19, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 3

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 3: 1982

1982 não foi um ano particularmente generoso no que respeita a álbuns muito influentes na hitória do rock. Mas alguns acontecimentos viríam a marcar em definitivo os próximos anos e décadas. Randy Rhoads, o promissor guitarrista de Ozzy Osbourne, morre num acidente de aviação. Rhoads tinha criado um estilo muito próprio, numa altura em que muitos guitarristas se limitavam a copiar Eddie Van Halen, e foi um dos primeiros a incorporar a técnica e sonoridade da música clássica nas suas composições (mais tarde Yngwie Malmsteen vai desenvolver esse aspecto bastante mais).
Nos bastidores havia muitas movimentações. É neste ano que em San Francisco, mais concretamente na Bay Area, James Hetfield e Lars Ulrich formam os Metallica. Logo no ano a seguir vão dar que falar. Outras bandas importantes para o curso da história também se estavam a formar, embora demorassem mais a ser notadas. Falo por exemplo dos Pantera ou dos Faith No More.
Mais uma vez a escolha dos álbuns mais influentes do ano foi bastante complicada. A decisão recaíu sobre a estreia de Billy Idol a solo e sobre o clássico “The Number Of The Beast” dos Iron Maiden.


Depois de uma passagem pelos Generation X, que acabam por se separar, o músico britânico decide estrear-se a solo com “Billy Idol”. Uma imagem rebelde e um som pop/rock são a imagem de marca de Idol, que aproveita muito bem a nova conjuntura da indústria musical, com o aparecimento da MTV. Isto porque é muito por “culpa” de dois videoclips, “White Wedding” e “Dancing With Myself” (este tema era uma remistura do original de Generation X), que obtêm considerável tempo de antena na MTV que o álbum acaba por ter mais sucesso junto do público. Mais tarde, em Julho de 1983, o single “White Wedding” acaba por entrar para o top 40, muito devido ao tempo de antena que obteve na televisão. Ainda antes, o primeiro single de Billy Idol, “Eyes Without a Face”, lançado no EP “Don’t Stop” (em 1981) obtém considerável sucesso e chega ao top 40 em Junho de 1982. Estes são os temas mais fortes do álbum, e é o começo de um artista que vai fazer história e marcar o seu nome nos mais famosos do rock n’roll mundial.


Se os Maiden já andavam nas bocas do mundo após “Iron Maiden” e “Killers”, com “Number Of The Beast” a banda conquistou finalmente um estatuto superior entre os fãs e a crítica. O primeiro álbum com Bruce Dickinson na voz torna-se num tremendo sucesso. E menos não sería de esperar se olharmos para os temas que compõem este álbum. “Run To The Hills” é hoje um dos temas mais conhecidos de heavy metal e ponto alto de qualquer actuação da banda inglesa – um verdadeiro hino. Quase o mesmo se pode dizer do tema que dá nome ao álbum, “The Number Of The Beast”, que valeu aos britânicos o rótulo de satânicos e a proibição da venda do álbum em alguns países. Hoje continua a ser também uma música de referência para os fãs do heavy metal em geral. Podemos ainda apreciar “The Prisoner”, “22 Acacia Avenue” ou uma das grandes baladas dos Maiden, “Hallowed Be Thy Name”. Uma música fantástica, onde desde logo Bruce Dickinson deixa antever todo o seu potencial. E confirma-se: mais de 20 anos depois Bruce é uma das maiores, senão a maior referência, quando se fala em vocalistas de metal.


Até para a semana.
Up The Irons!!!

Thursday, January 12, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 2

Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 2: 1981


“Ladies And Gentlemen, Rock N’ Roll!” – iniciava-se assim, em 1981, a primeira emissão da MTV, primeiro canal dedicado à música. O canal norte-americano emitia 24 horas por dia e mais tarde vai ganhar muita influência e alterar a indústria musical.

Devido à sua morte no ano anterior, “Imagine”, de John Lennon, alcança o nº1 do top singles em muitos países e fica para sempre no imaginário de milhões de pessoas, transformando-se numa das canções mais populares de sempre.
Em Maio mo
rre outra lenda, e embora não do rock, penso que merece ser mencionado: Bob Marley. Nem é preciso dizer que o seu contributo para a música foi imenso.

Este é o ano de estreia de Phil Collins a solo, com o álbum “Face Value”. O virtuoso músico começa a ser conhecido nos Genesis, principalmente a partir da saída de Peter Gabriel, pois deixa a bateria e assume o papel de vocalista. A partir deste momento Phil Collins revela-se ao mundo como um grande músico e compositor, além de exímio baterista. Dois temas do seu álbum a solo atingem os tops, “In The Air Tonight” e “I Missed Again”. “Face Value” entra directamente para o 1º lugar do top no Reino Unido e mantém-se na tabela dos mais vendidos durante 274 semanas.

Quanto a álbuns, a escolha não foi fácil. Este foi um ano marcadamente de singles importantes, e foi por isso muito difícil de escolher álbuns que marcaram definitivamente o rumo do rock (num sentido abrangente). “Start Me Up” (Rolling Stones), “Under Pressure” (Queen e David Bowie) ou “Every little Thing She Does Is Magic” (The Police) foram músicas que perduraram, mas sem que os seus álbuns tenham sido extremamente decisivos no desenvolvimento do rock. Quanto a álbuns, a escolha não foi pacífica, mas lá me decidi por “Fair Warning” dos Van Halen e “No Sleep ‘Til Hammersmith” dos Motörhead.


A banda norte americana liderada pelo talentoso guitarrista Eddie Van Halen tinha-se formado em 1978 e contava já com três álbuns. O primeiro, de 1978, intitulado “Van Halen” tinha mostrado ao mundo um novo tipo de hard rock. A soberba técnica de Eddie Van Halen aliada à voz de David Lee Roth iría redefinir o standard do género nas décadas de 80 e 90.
Mas nem tudo estava bem no seio da banda à partida para as gravações de “Fair Warning”. Eddie queria expandir a musicalidade dos Van Halen noutras direcções, e isso repercutiu-se na sonoridade do novo álbum. Em vez de hits rock, este é um álbum mais escuro, com um som mais intenso e "pesado". Uma grande introdução com “Mean Street”, no estilo inconfundível de Eddie e a sua técnica de tapping, puro hard rock, um dos temas mais rápidos do álbum. Mas "Fair Warning" é um álbum diverso, e temos “Push Comes To Shove”, um tema mais lento e com outro feeling ou "Sinner's Swing", rock n' roll com riffs bem groovy. Pena o álbum ser curto (não porque os grandes álbuns se meçam pelo número de minutos, mas porque apetece ouvir mais), mas Eddie V. H. e David Lee Roth estão a um nível bastante elevado.


Os Motörhead formaram-se em 1975, pela mão do seu carismático líder Lemmy. Metal, punk, rock, um pouco de cada um destes estilos ajuda a caracterizar o som dos Motörhead, além obviamente da inimitável voz rouca e agressiva de Lemmy. Após 4 álbuns de originais, os Motörhead lançam o seu primeiro álbum ao vivo. E este “No Sleep ‘Til Hammersmith” foi uma aposta ganha. Toda a energia e agressividade da banda foi capturada neste concerto, com os grandes temas dos Motörhead até então. Os eternos clássicos “Ace Of Spades” e “Overkill”, em conjunto com outros êxitos da banda como “Bomber”, “(We Are) The Road Crew” e “Motörhead” fazem com que este álbum tenha sido, para alguns, um dos primeiros de trash metal. Os momentos capturados ao vivo durante esse ano um pouco por toda a Grã-Bretanha e imortalizados neste CD demonstram aquilo que era assistir a um concerto dos Motörhead na altura. Muito suor, muita energia e muito mosh, metal no seu formato mais cru e duro.


Até para a semana.
Bring The Noise!

Tuesday, January 10, 2006

Bangguru


Hoje vou falar de algo diferente. Um projecto relativamente recente na área da pop/electrónica, de origem nacional. Os Bangguru formaram-se no final de 2003 e lançaram o seu primeiro trabalho no mercado recentemente. A banda já tem airplay em rádios como a Antena 3, e é formada por 2 membros (JP e PH) que tinham trabalhado em conjunto nos já extintos Ghost In The Machine, um projecto que se movia em áreas semelhantes. João Pico (guitarra, programação) formou os Bangguru, e fez-se acompanhar de Marisa Fortes (voz e letras), Pedro Henriques (voz e letras), José Dias (guitarra) e João Hora (programação). Pelas amostras que se conseguem ouvir através do site oficial da banda, a música tem uma forte componente electrónica e de programação, muito bem complementada pela voz doce e sensual de Marisa. Alguns momentos fazem lembrar os também portugueses Donna Maria. Para quem se interessa por este estilo de música vale a pena consultar o site, onde não só podemos saber mais sobre os Bangguru, ouvir alguns mp3's, e principalmente ver os vídeos da banda (muito bons). João Pico a fazer um excelente trabalho na parte vídeo, tal como já tinha acontecido anteriormente nos Ghost In The machine. Os vídeoclips estão muito bem conseguidos e espero que consigam ter o seu espaço nas televisões nacionais. Vale a pena dar uma espreitadela naquilo que de novo vai surgindo no panorama musical português. O site está extremamente bem construído e proporciona uma navegação agradável (plug-ins flash obrigatórios).

Aqui vai o endereço: www.bangguru.com
Informações sobre concertos: www.bangguru.blogspot.com

Thursday, January 05, 2006

Rock Encyclopedia Chapter 1

Começo hoje uma série de textos sobre os álbuns e músicos que mais influenciaram o mundo do rock desde o início dos anos 80 até ao início do novo milénio. É impossível falar de tudo e todos, até porque foram inúmeros os lançamentos e os artistas que ajudaram a moldar a música como hoje a conhecemos, mas vou tentar falar sobre os mais importantes, sejam pelas inovações no estilo, vendas, originalidade,etc. Durante 16 semanas acompanhem parte da história do rock (e estilos derivados) aqui nos Estilhaços Melódicos.


Clássicos do Rock - de 1980 a 2000
Capítulo 1: 1980

Este é o ano do assassinato de John Lennon, em frente ao seu apartamente em Nova Iorque. A história é sobejamente conhecida e certamente alterou muita coisa no mundo da música. A entrada em cena de Steve Harris, mentor e baixista dos Iron Maiden foi também determinante para o que se viría a passar nos anos seguintes. Para o primeiro ano desta década escolhi 3 álbuns que me pareceram extremamente influentes (pelas razões que explicarei mais à frente). Eles são “The Wall” dos Pink Floyd, “Iron Maiden” dos Iron Maiden” e Back In Black dos AC/DC.

Comecemos pelos Pink Floyd. Inicialmente idealizado por Roger Waters, que o mostrou em forma de demo aos outros membros da banda, “The Wall” foi depois trabalhado pelos restantes elementos da banda no sentido de melhorarem aquilo que tinha sido feito até então por Waters. A banda teve alguns problemas na composição e finalização do álbum, que levou a mexidas no line-up após a conclusão das gravações. Independentemente de tudo isso, este duplo álbum ficou na história do rock como um dos mais vendidos de sempre (23 vezes platina nos EUA). Alguns temas muito bons foram suficientes para “encobrir” outros não tão bons. Mas “Another Brick In The Wall”, “Hey You” ou “Confortably Numb” marcarão para sempre o som característico dos Pink Floyd. E de facto, ao ouvir “The Wall”, percebemos o que é o som dos Pink Floyd. Ambiências impressionantes, melódico q.b., e um som de guitarra imponente, com solos muito bem trabalhados por Gilmour, a juntar à sua voz, e temos os ingredientes para um dos álbuns mais influentes deste ano. Para trás tinha ficado o já aclamado “Dark Side Of The Moon”, lançado em 1973.

Quanto a Iron Maiden, dispensam grandes apresentações. Começam a dar nas vistas no final da década de 70, a tocar em bares por toda a Inglaterra e gravam uma demo intitulada “The Soundhouse Tapes” (1979). O fenómeno acaba por se espalhar mais do que a própria banda pensava, e logo no ano seguinte entram em estúdio para gravar o seu primeiro álbum, ainda hoje o preferido de muitos dos seus fãs. Quase todos os temas do álbum se tornaram hinos da banda: “Iron Maiden”, “The Phantom Of The Opera”, Transylvania”, “Sanctuary” ou “Running Free” marcaram e continuam a marcar gerações. A New Wave Of British Heavy Metal (NWOBHM) começava a despontar em força em conjunto com outras bandas (Saxon, Def Leppard, Samson, Overkill, etc.), e muito por "culpa" de Steve Harris e da sua força para levar o projecto dos Maiden avante. A sonoridade dos Maiden foi uma pedrada no charco. Um baixista genial e intrincadas melodias de guitarra, juntamente com chorus muito fortes marcarão para sempre o som destes britânicos. Ainda hoje poucas bandas têm performances tão seguras e interessantes ao vivo como os Maiden. Tal como Steve Harris previra muito cedo, “Iron Maiden’s gonna get you, no matter how far...”. Ficou escrito e cumpriu-se o sonho. Os Maiden têm talvez uma das maiores e mais fiéis bases de fãs do heavy metal.

Do outro lado do mundo, os australianos AC/DC também davam que falar. Após a morte do vocalista Bon Scott, este era o primeiro álbum com Brian Johnson e as expectativas eram muitas pois substituir Bon Scott não sería tarefa fácil. “Back In Black” arrasou os tops, atingindo o 1º lugar em alguns países (21 vezes platina nos EUA), e fica para a história como um álbum cheio de boas canções, ao bom estilo rockeiro dos AC/DC. Desde a canção que dá nome ao álbum, passando por “Hells Bells” (bonito tema de abertura), “Shoot To Thrill” ou o famoso “You Shook Me All Night Long” (que teve direito a uma interessante versão cantada por Celine Dion e Anastacia há poucos anos atrás) temos uma mão cheia de boas músicas e rock n’roll como só os AC/DC sabem fazer. São três álbuns indispensáveis ao início da década de 80 e que vão influenciar muitos outros, como veremos nos próximos capítulos.

Até para a semana.
For Those About To Rock We Salute You!

Thursday, December 29, 2005

A Long Time Ago in a Galaxy Far, Far Away


Quando há poucos dias fiz um balanço daqueles que seríam os melhores filmes do ano de 2005, esqueci-me de referir um muito especial. Mas veio mesmo a calhar, porque acho que merece um post individual. 28 anos depois, a mítica saga Star Wars foi concluída com o Episódio 3 – A Vingança dos Sith. George Lucas alcançou o sonho pessoal e o de milhões de fãs com o melhor filme dos primeiros três episódios. Muitos tinham ficado algo desiludidos com os dois primeiros capítulos, e penso que com razão. A trilogia (episódios 4 ao 6) iniciada em 1977 com Star Wars IV tinha menos efeitos especiais mas as personagens e as “estórias” depressa conquistaram o coração do público e colocaram George Lucas no topo. O realizador norte-americano esperou que houvesse condições para fazer os restantes filmes da maneira que ele sonhara, e falo em câmaras digitais juntamente com novos e potentes meios para incorporar efeitos especiais na acção dos filmes. A era digital veio nos anos 90 e George Lucas recomeçou a sua obra em 1999. Mas algo faltava aos novos dois episódios da era digital. Os efeitos especiais eram, sem dúvida, impressionantes, mas as “estórias” não conseguíam tocar o público da maneira que os antigos episódios o tinham feito. George Lucas nunca conseguiu ser um mestre na direcção de actores, mas sempre conseguiu compensar isso com argumentos muito bons. Mas eis que chega finalmente o muito aguardado último capítulo da saga, e com ele alguns dos momentos mais aguardados do cinema. O filme é dos mais negros, se não mesmo o mais negro de todos, e todos os fãs vibraram ao assistir ao nascimento de um dos maiores vilões da história do cinema: Darth Vader. Esta foi uma cena bastante bem conseguida no filme, que chega a arrepiar, visto ser um momento muito emocionante para todos aqueles que durante anos vibraram com as aventuras dos cavaleiros Jedi e com o lado negro da Força. O Episódio 3 faz a ligação para os restantes episódios da saga e revela as partes da “estória” que ainda faltavam para o puzzle encaixar na perfeição. Este filme junta tudo: emoção, efeitos especiais, argumento muito forte e a lendária música de Star Wars. Todo ele foi rodado em câmaras digitais e transferido nesse formato para suites de pós-produção, evitando assim as habituais e dispendiosas transferências de película para digital e de digital para película. Quem teve oportunidade de ver o filme em projecção digital (em Portugal só o foi possível numa sala do cinema Alvaláxia) pôde apreciar todo o esplendor da obra de Lucas na qualidade máxima, pois assim assistiu a uma versão sem conversões de digital para película.
Foram assim precisos esperar 28 anos para poder assistir aos 6 filmes do universo Star Wars. Mas valeu a pena! George Lucas construiu um imaginário fantástico e é um nome incontornável do cinema de ficção científica. Os fãs incondicionais podem agora comprar os 6 dvd’s e assistir a tudo de seguida!!!
May the Force be With You!

Friday, December 23, 2005

A Beleza venceu a Besta


E aqui temos o tão aguardado regresso de Peter Jackson com o remake de “King Kong”. Muita expectativa se tinha gerado em torno daquele que é um dos filmes mais caros da história do cinema: 207 milhões de dólares foi o orçamento para produzir esta obra de 3 horas para o grande ecrã. E o realizador que tinha amealhado 17 óscares pela Trilogia de “Lord Of The Rings” não deixa os seus créditos por mãos alheias. Ao ver o filme percebe-se porquê. Peter Jackson domina totalmente as ferramentas (cinematográficas, entenda-se) ao seu alcance para contar a “estória” de uma equipa de filmagens que desembarca numa ilha e corre inúmeros perigos para conseguir o ojectivo de fazer um filme. A protagonista do filme acaba por ser levada por King Kong e o resto da “estória” já todos conhecem... o que não se conhecia era a versão idealizada pelo realizador neo-zelandês, um portento de efeitos especiais, emoção e adrenalina. Algumas secções do filme são tão rápidas, com tanta acção, que quase nos deixam sem respiração e algumas cenas fazem mesmo lembrar as grandiosas batalhas de “Lord Of The Rings”, embora aqui as circunstâncias e as personagens sejam totalmente diferentes. Mas a mesma mestria em filmar e capturar as partes mais importantes da “estória” continua lá. O desempenho dos actores é bastante bom, com óbvio destaque para Naomi Watts. É de realçar a qualidade do seu desempenho, ainda para mais sabendo que grande parte das cenas foram gravadas com a actora contra um fundo azul (blue screen, que depois é acrescentado o resto das personagens e paisagem em pós-produção) em que não interage com ninguém, e a sua expressividade, particularmente nas cenas com King Kong, é impressionante. Se para alguns Naomi Watts era uma jovem promessa de Hollywood, após “King Kong” passa definitavamente a ser uma certeza.
Quanto à fotografia, música, guarda-roupa, etc., tudo apresenta um nível elevado. Aliás são poucos os pontos fracos deste filme, embora os haja.
Também lá está a crítica a uma sociedade consumista, que não se importa com os direitos dos animais e que no fim acaba por sofrer as consequências disso mesmo. “King Kong” é de facto o blockbuster do ano. Mas este vale a pena, ou não tivesse sido idealizado por Peter Jackson...

Sunday, December 18, 2005

No País Das Maravilhas




Gonçalo Pereira. Para muitos, um ilustre desconhecido. Quem o conhece sabe que é um dos maiores valores da música portuguesa. É impossível vê-lo tocar guitarra e ficar indiferente. Depois de muitos anos a tocar covers em bares e a tocar na banda de Paulo Gonzo, Gonçalo decidiu arriscar e lançou em 1998 o seu primeiro álbum a solo, “Tricot No País das Maravilhas”. Desde aí construiu uma sólida base de fãs que o têm seguido em “Upgrade” (1999) e “gonçalopereira@g_spot” (2003). Não vou aqui falar dos álbuns um a um. Gonçalo é um autêntico virtuoso das seis cordas e quem tiver curiosidade experimente ouvir aquilo de que é capaz. A reacção normal das pessoas a quem eu levei a ver concertos é ficarem de boca aberta ao vê-o tocar e perguntarem-se como é possível nunca terem ouvido falar dele. Pois bem, estamos em Portugal. Se Gonçalo Pereira fosse norte-americano provavelmente andaria nas bocas do mundo. A nível técnico não fica muito a dever aos grandes mestres da guitarra eléctrica contemporâneos, de Satriani a Steve Vai ou Eric Johnson. Quem já o viu tocar o imortal “Movimento Perpétuo” de Carlos Paredes em guitarra eléctrica(!!!) percebe porquê. Mas neste país tem que pagar do seu bolso para gravar os álbuns, e promoção é coisa que quase não se vê: a comunicação social está cheia de coisas como D’ZRT, artistas pimba ou hip-hop norte-americano. Música de qualidade não interessa muito falar, dá pouca audiência e ainda caímos no risco de poder educar um pouco as massas, no que a música diz respeito.
Mas o motivo deste post foi um DVD que Gonçalo lançou no mercado em Setembro deste ano. Intitulado “Another Day In Another World”, o disco inclui o concerto gravado no Hard Club em Gaia, e uma série de extras para melhor ficarmos a conhecer o artista, o seu estúdio e a sua música. Além disso temos ainda uma secção com aulas de guitarra do próprio mestre, e podemos aprender a tocar algumas secções das suas músicas (as partes mais fáceis, outras nem tanto...). A edição especial de dois discos traz ainda o último álbum de originais de Gonçalo, para quem não tem: “gonçalopereira@g_spot”.
Lançamentos destes são de louvar, num panorama musical tantas vezes marcado pela apatia ou pelo lançamento desmesurado de colectâneas e best of's apenas para fazer dinheiro (especialmente nesta época natalícia). Apesar de já haver dvd’s intrucionais de guitarra no mercado, este lançado por Gonçalo Pereira não deixa de ser inovador nalguns aspectos. Aconselhado a quem toca ou simplesmente gosta de guitarra eléctrica.
Mas o meu conselho é mesmo verem Gonçalo Pereira ao vivo. Tenho a certeza que vão ter a mesma reacção que falei há pouco: “Como é que nunca tinha ouvido falar dele?”. Penso que não há ainda datas de concertos confirmadas para os próximos tempos. Quando houver confirmações farei um post aqui no blog a avisar os possíveis interessados.

A outro nível, Gonçalo formou uma banda de rock chamada Blister que lançou o seu primeiro álbum em 2004, “Without Truth You Are The Loser”. Aqui não há espaço para muitos virtuosismos, apenas puro rock n’roll. Talvez por isso já tenham ouvido, sei que tem passado nas maiores rádios e um dos temas entra até na banda sonora de uma novela da TVI .

Mais informações: www.goncalopereira.pt

Tuesday, December 13, 2005

Balanço 2005


Sei que é cliché, no último mês do ano, escolher os melhores artistas/obras dentro das mais diversas áreas. Mas não resisti a fazê-lo. Aqui vão algumas das minhas escolhas/sugestões cinematográficas do ano. Para mim estes filmes foram o melhor que se fez durante 2005, obviamente de entre aqueles que tive oportunidade de ver. Certamente muita coisa ficou por ver e criticar, mas é apenas uma escolha muito subjectiva... espero que vos aguce a curiosidade, se é que ainda não tiveram oportunidade de ver estes filmes.

(Ordem aleatória)

Crash (Colisão): uma soberba estreia de Paul Haggis na realização. Além disso o canadiano escreveu também o argumento daquele que foi um dos melhores filmes do ano. Um pouco ao jeito de "Magnólia", várias personagens e destinos acabam por se cruzar e interligar na mesma estória, numa trama complicada mas extremamente bem desenvolvida por um argumento maduro e organizado. Haggis explora as tensões raciais na cidade de Los Angeles, mas de uma forma inteligente e dinâmica que nos deixa “presos” ao ecrã durante duas horas. Paul Haggis era já um argumentista de créditos firmados, nomeado para o Óscar com “Million Dollar Baby” e autor de inúmeras séries de sucesso na TV, agora é também uma promessa (ou certeza?) na realização.


Sin City (A Cidade do Pecado): Frank Miller (autor da banda desenhada) e Robert Rodriguez juntaram-se num projecto aliciante, adaptar a “escura” e violenta Sin City para o grande ecrã. Um filme fantástico (não aconselhado a pessoas mais sensíveis ou impressionáveis) e uma fiel adaptação dos comics de Frank Miller, que junta violência, sexo, corrupção e humor negro. A parte visual é arrebatadora: a mistura de preto e branco com alguns laivos de cor, um look de film noir e a gravação totalmente em formato digital compõem uma cinematografia nunca antes vista. Para ajudar à festa temos ainda Quentin Tarantino como realizador convidado (realiza uma das cenas do filme) e um elenco fenomenal.


Les Poupées Russes (As Bonecas Russas): Já aqui falei anteriormente sobre este filme realizado por Cédric Klapisch, na sequência de “A Residência Espanhola”. Um grande argumento (Cédric Klapisch escreveu uma “estória” quase sem momentos fracos), Romain Duris (Xavier, a personagem principal) com um desempenho fantástico e uma realização extremamente competente fazem deste filme uma das surpresas do ano. Em suma, cinema europeu ao melhor nível.


Friday, December 09, 2005

The Greatest Surf Show On Earth


Encontra-se em período de espera, desde ontem, um dos maiores espectáculos desportivos do planeta. O Rip Curl Pro Pipeline Masters (8-20 Dezembro) é a última etapa do circuito Mundial de Surf (WCT), e conta com os 45 maiores surfistas do mundo. Este ano, apesar da questão do título já estar resolvida, a expectativa mantém-se elevada devido ao prestígio desta etapa e à possibilidade de vermos actuar os melhores nas melhores ondas do mundo. Além disso todos querem arrecadar o título de Pipeline Master, esteja ou não em discussão o título mundial. Pipeline é um dos berços desta modalidade e a meca do surf mundial, os seus lendários tubos e ondas potentes encantam milhões de surfistas por esse mundo fora. E é um privilégio podermos assistir em directo, no conforto de casa, ao desenrolar do campeonato. (http://www.triplecrownofsurfing.com/pipeline/index.php). Os meus parabéns à ASP (Association of Surfing Professionals) pela qualidade das transmissões e comentários via Internet. Das Fiji ao Japão, passando pelo Brasil e Hawai, todas as etapas podem ser acompanhadas em directo. Para quem ainda não viu, e aos que gostam de surf, acreditem que vale mesmo a pena.
As contas desta época estão feitas: Kelly Slater venceu o título mundial pela 7ª vez (novo recorde) com uma prestação surpreendente que arrasou a concorrência. E Slater continua a bater recordes: o norte americano conquista o mundial com 33 anos de idade, e obteve a melhor classificação de sempre numa final (Billabong Pro Tahiti 2005) ao terminar com duas notas 10 (em pontuações de 0 a 10)!!!
Sintonizem-se e Boas Ondas!

Tuesday, December 06, 2005

Raiva e Mais Raiva


Há dias e semanas em que tudo corre mal. O que vale é que temos sempre algo para nos animar. A minha música da semana é esta: Saint Anger!!! James Hetfield de volta aos seus bons momentos de composição: podemos sentir toda a raiva que esta música liberta, não só pela sonoridade mas também pela letra, que é bastante significativa. Há pessoas que preferem descarregar nas outras quando algo não lhes corre bem, pois para mim o melhor remédio é mesmo ouvir música e descarregar as energias de outra forma... e os "velhos" Metallica têm sempre algo para nos surpreender. Hetfield partilha connosco uma fase complicada da sua vida, após ultrapassar uma reabilitação para o ajudar a livrar-se de alcóol e drogas.
Quanto a Saint Anger, o álbum fica um pouco aquém daquilo que seria de esperar de uma banda como Metallica, de qualquer forma algumas músicas estão bastante enérgicas e rápidas, de certa forma um regresso aos tempos de Kill' Em All. Só faltam os solos de guitarra... e uma produção menos monótona, ouvir este som de tarola durante 70 minutos não é saudável.
Esta é para ser ouvida com o volume bem alto. Enjoy!!!


Saint anger round my neck
Saint anger round my neck
He never gets respect
Saint anger round my neck

(You flush it out, you flush it out)
Saint anger round my neck

Fuck it all and no regrets
I hit the lights on these dark sets
I need a voice to let myself, let myself go free
Fuck it all and no regrets
I hit the lights on these dark sets
I tie a noose, i hang my self, saint anger round my neck

I feel my world shake
Like an earthquake
It's hard to see clear
Is it me, is it fear

And i want, my anger to be healthy
And i want, my anger just for me
And i need, my anger not to control
Yeah and i want, my anger to be me
And i need, to set my anger free
And i need, to set my anger free
Set it free

Tuesday, November 29, 2005

O Dia em que o Metal Morreu...


“Dimebag” Darrell, assim era conhecido o guitarrista de Pantera. Um dos mais inovadores e brilhantes guitarristas de metal de sempre. No dia 8 de Dezembro do passado ano "Dimebag" e a sua nova banda, os Damageplan, estavam no início de mais um concerto, em Ohio, quando um homem saltou para o palco e começou a disparar. Vários tiros atingiram o guitarrista, que se revelaram fatais. Um dos dias mais tristes de sempre para os fãs de heavy metal e de Pantera, em particular. Um acto cobarde, cruel, estúpido, acabava com a vida de um músico que tinha o maior gosto naquilo que fazía, e compositor de álbuns (com Pantera) que ficarão para sempre na história, como “Cowboys From Hell” ou “Vulgar Display Of Power”. O assassino acabou por ser alvejado pela polícia, depois de ter feito mais 4 vítimas mortais entre o público. Nunca ninguém saberá o motivo do seu acto, embora se fale que este tenha dito qualquer coisa sobre Pantera a Dimebag antes de começar a disparar. Os Pantera tinham-se separado, e alguns dos seus fãs mais hardcore ficaram bastante abalados, atirando culpas ora para Phil Anselmo (vocalista) ora para os outros elementos da banda.
Ninguém podería ficar indiferente a este acontecimento. Vince, irmão de “Dimebag” e ex-baterista de Pantera (na altura também com Damageplan), estava em palco essa noite. E assistiu ao cruel assassínio mesmo em frente a si, sem nada poder fazer. Há dias que não devíam existir, que devíamos conseguir apagar do calendário. Vince isolou-se do mundo e até hoje não recuperou. Phil e Rex, restantes elementos de Pantera, também têm dificuldade em seguir as suas vidas depois do trágico acontecimento. Afinal todos tinham um passado comum, muitos anos de dedicação a uma banda que ficará para sempre na história do metal.
Phil Anselmo, carismático vocalista, deu uma entrevista o mês passado, onde revela pormenores bastante interessantes sobre a sua vida com Pantera e a sua relação com “Dimebag” Darrell. Vale a pena ler... aqui.
Todos os colegas músicos que conhecíam “Dimebag” dizem que era uma pessoa que vivía a vida intensamente e tinha um talento como poucos. A sua influência é bem espelhada pela quantidade de músicos que lhe dedicaram umas últimas palavras e pensamentos. Podem ler no site oficial dos Damage Plan.
O que vale é que a música é eterna. Para sempre ficarão na cabeça os riffs de Fucking Hostile, Mouth For War, Cowboys From Hell, Cemetery Gates, entre muitos outros...

RIP Dime.
Serás sempre um dos melhores...

Friday, November 25, 2005

Este é o país que temos...

..."A primeira mentira que o Governo promove acerca da Ota é a de tentar convencer os tolos que o futuro Aeroporto Internacional Mais Perto de Lisboa não vai custar praticamente nada aos cofres públicos. Acredite quem quiser, o Governo jura que a "iniciativa privada" resolveu oferecer um novo aeroporto ao país. Assim mesmo, dado, sem que saia um tostão do Orçamento do Estado, fora os milhões gastos nos estudos amigos. É falso e é bom que ninguém se deixe enganar logo à partida: parte do dinheiro virá da UE e podia ser gasto em qualquer coisa mais útil; parte virá do estao directamente; parte poderá vir dos utilizadores da Portela, chamados a custear a Ota, a partir de 2007, atrvés de uma taxa adicional cobrada em cada embarque; e a parte substancial virá ou da venda de património público (à ANA), ou da cedência de receitas do Estado a favor dos privados-as taxas aeroportuárias dos próximos 30 a 50 anos. É preciso imaginar que somos completamente estúpidos para não percebermos que abdicar de receitas ou vender património rentável é, a prazo, uma forma indirecta de realizar despesa, agravar o desequilíbrio das contas públicas e forçar o aumento de impostos para as compensar. E também uma forma de pagar bastante mais caro as obras públicas, para garantir o negócio à banca e aos investidores privados-como sucede com as SCUT e a Ponte Vasco da Gama. Se voltarem a ouvir dizer que a OTA vai saír de borla aos contribuintes, saibam que vos estão a tomar por estúpidos.
Resolvida esta questão prévia, o Governo e os seus cúmplices tinham mais três outras questões essenciais a explicar: que Lisboa vai precisar de muito maior capacidade aeroportuária num futuro médio;que, existindo o problema, a solução passa pela construção de um novo aeroporto de raíz e não pelo acrescento do actual ou pelo aproveitamento complementar com os seus adjacentes- Alverca ou Montijo; que esse novo aeroporto é viável, cómodo para os utentes e economicamente sustentável, situado a 50 quilómetros da cidade. Nada disso foi conseguido: o estudo apresentado pela Naer, mesmo para ignorantes na matéria como eu, é uma pífia peça de publicidade para tolinhos ou distraídos, capaz apenas de convencer os directamente interessados no negócio. É lastimável que se queira comprometer mais de 3000 milhões de euros de dinheiros públicos, que se planeie retirar a Lisboa um instrumento económico tão importante quanto o é o Aeroporto da Portela e tornar pior a vida de milhões de pessoas que o utilizam, com os argumentos constantes de um folheto que mais parece destinado a vender time-sharing no Algarve."
..."Por isso é que toda esta questão da Ota cheira mal à distância: cheira a voluntarismo político ao "estilo João Cravinho", que tanto dinheiro custou e continua a custar ao país, e a troca de favores com a clientela empresarial partidária, a que costumam chamar "iniciativa privada".
Para esse peditório já demos. Já demos demais, já demos tudo o que tínhamos para dar. O país está cheio de fortunas acumuladas com negócios feitos com o Estado e pagos com o dinheiro dos impostos de quem trabalha, em investimentos cuja utilidade pública foi nula ou pior ainda-desde os estádios do Euro até aos hospitais de exploração privada. Seria bom que quem manda compreendesse que já basta".
excerto - in "Público", 25 Novembro 2005
Miguel Sousa Tavares
Aconselho a quem puder ler o texto completo. Vale a pena perceber mais alguns dos pontos explicados por MST sobre a construção da Ota. Já o disse várias vezes, este país caminha para a cauda da Europa, só que agora dos 25, não dos 15 de há ano e meio atrás...

Thursday, November 24, 2005

Breves


Mais datas/concertos confirmados (2006) para Portugal:

Edguy 10 Fevereiro
Hard Club, Gaia
Him 2 Março
Coliseu dos Recreios, Lisboa
Soulfly 25 Março
Paradise Garage, Lisboa
26 Março
Hard Club, Gaia

Wednesday, November 23, 2005

Natureza em Desequilíbrio



Ultimamente o cinema tem andado arredado deste blog. Pois hoje venho sugerir uma obra cinematográfica de 1983, pouco conhecida mas de uma qualidade impressionante. Koyaanisqatsi – Life Out Of Balance é o título do filme, primeira obra de Godfrey Reggio como realizador e produtor. Mas este não é um filme convencional. Koyaanisqatsi é uma espécie de documentário sobre a natureza e a espécie humana, e aquilo que o Homem tem feito para alterar as condições naturais do planeta. O contraste entre o mundo natural e a sociedade urbana e tecnológica. Filmado entre 1975 e 1982, o filme utiliza fotografia de longa exposição, slow motions e fast motions, para criar uma visão extraordinária do nosso planeta. Depois de se ver Koyaanisqatsi a nossa percepção muda. Para quem gosta de “cinema da pipoca” não recomendo ver este filme. São 87 minutos de boa fotografia, sem diálogos, sem actores, apenas o mundo que nos rodeia, montado numa sequência muito bem estruturada e esclarecedora. Tudo isto acompanhado pela música brilhante e arrasadora de Phillip Glass. Tal como na música instrumental, às vezes conseguimos passar melhor uma mensagem sem utilizarmos palavras do que com o uso delas. Para mim este é um destes casos. Aqui a célebre expressão “uma imagem vale mais que mil palavras” aplica-se e é válida a cada momento deste filme. Arte na sua forma mais pura e livre...

Monday, November 21, 2005

O Mar...

(Post com som, toca a ligar as colunas)
Madredeus – O Mar

Não é nenhum poema o que vos vou dizer
Nem sei se vale a pena tentar-vos descrever

O Mar
O Mar

E eu aqui fui ficando
só para O poder ver
E fui envelhecendo sem nunca O perceber

O Mar
O Mar


Antes de dizer algo, espero que ouçam a música e tentem perceber os sentimentos que ela vos desperta. A voz de Teresa Salgueiro é indescritível e parece "chorar" em conjunto com os instrumentos. Simplesmente magnífica!
Para quem, como eu, gosta tanto do mar e não consegue viver longe dele, ouvir esta bela canção de Madredeus desperta-nos sonhos, alegrias, tristezas, esperança... talvez nostalgia do passado, em que abrimos portas a outros mundos através dos oceanos. Memórias de um Portugal que já foi grande, um país de “loucos” que atravessaram os oceanos e chegaram aos quatro cantos do mundo. Hoje pouco nos resta desse passado, as ambições tornaram-se pequenas e as pessoas mesquinhas. Hoje somos apenas mais um pequeno país que luta para se manter à tona de água numa Europa em “reconstrução”. Hoje não precisávamos de ser grandes, apenas precisávamos de continuar a ter esse espírito empreendedor que nos levou longe. Hoje não precisávamos de ter o controlo do mundo (até porque todos têm direito a ser livres), mas apenas o respeito e o reconhecimento de sermos um povo corajoso e inovador. Mas infelizmente quando viajamos para outros países, actualmente, a imagem que têm do povo português é outra... bem menos positiva. É óbvio que há excepções à regra, e muitos portugueses ainda lutam para serem melhores e sonham, como os nossos antepassados, com grandes feitos. Não sou, por hábito, pessimista... mas se continuarmos assim o único sítio para onde caminhamos é o abismo. Os Madredeus transportam consigo a nossa língua e cultura para todo o mundo, e são uma das grandes “bandeiras” deste país. Que nos ajudem a manter acesa a chama da esperança num país melhor, e a não perder as forças para lutar no dia-a-dia contra todas as injustiças que presenciamos...

Thursday, November 17, 2005

Loud & Heavy

Isto tem andado muito calmo por aqui, por isso aqui vai uma lista de novos lançamentos para todos os metaleiros e afins:



In Flames: Used & Abused – In Live We Trust
Edição inclui duplo DVD e duplo CD

Uma das melhores bandas de metal da actualidade. Excertos de várias actuações dos In Flames, com os maiores êxitos da banda sueca.




G3- Live In Tokyo
Edição CD e Edição DVD

Mais um lançamento (terceiro) da tournée dos mestres da guitarra Joe Satriani e Steve Vai, desta vez acompanhados por John Petrucci. Must Have!




Annihilator- Schizo Deluxe
Edição CD

Novo álbum dos Annihilator e o regresso do “master” dos riffs, Jeff Waters.



Sepultura- Live In São Paulo
Edição duplo CD e Edição duplo DVD

Actuação dos Sepultura no seu país natal, gravado em 3 de Abril de 2005. O DVD conta também com um making of, alguns videoclips e temas extra ao vivo.





Machine Head- Elegies
Edição DVD

Os Machine Head voltaram aos bons velhos tempos no último álbum, “Through The Ashes Of Empires”, e regressam agora com um álbum ao vivo que contém os maiores clássicos da banda desde o álbum de estreia, “Burn My Eyes”.



Spock’s Beard- Gluttons For Punishment
Edição 2 CD’s

Mais um duplo álbum ao vivo, desta vez duma das maiores bandas de rock progressivo. Muitos pensaram que os Spock’s Beard iríam terminar quando Neal Morse (principal compositor e vocalista) abandonou a banda, mas desde então os americanos já lançaram 3 álbuns de estúdio e regressam agora com um duplo álbum ao vivo, gravado durante a tournée europeia deste ano.




Como é habitual, com o aproximar da época natalícia, começam também a "chover" lançamentos discográficos. A única desvantagem é mesmo o rombo na "conta bancária" que isso pode provocar. Boa sorte e boas compras!!

P.S. O blog conta agora com um guestbook (link do lado direito a seguir aos arquivos). Passem por lá e deixem os vossos comentários/sugestões sobre o blog. Se for para comentar um post específico, agradeço que continuem a fazê-lo no espaço destinado a esse efeito. Gracias!

Wednesday, November 16, 2005

The Spirit & The Sound




Há alguns meses atrás um amigo resolveu entregar-me um cd e disse-me para ouvi-lo. Não sabia que tipo de música era nem de quando era o álbum. A única coisa que ele me disse foi: “It’s a woman with a wonderful voice”. Curioso, lá peguei no disco e fui ouvir. Era um álbum ao vivo, e de facto a cantora parecia ter uma voz fantástica, até algo sobrenatural. Ouvi o álbum várias vezes e nem queria acreditar como esta voz me tinha passado ao lado durante tantos anos. A artista em causa chama-se Erykah Badu e o álbum intitula-se Live, de 1997. “Next Lifetime”, um dos temas do álbum, é simplesmente indescritível. Algumas letras, conjugadas com a voz de Badu, podem provocar danos emocionais irreparáveis...

A música pode-se enquadrar no soul ou R&B, e eu que nunca gostei muito do género, depressa fiquei fascinado. Continuo sem gostar muito de música soul, mas Erykah Badu é uma excepção. A sua voz divinal, um som melódico e ritmado, com alguns "salpicos" de jazz, transportam-nos para outras dimensões.
Quem vê a MTV e ouve rádio provavelmente só ouve falar de Alycia Keys ou R. Kelly (só para dar alguns exemplos), pelo menos neste género de música. Pois ouçam Erykah Badu e comparem vocês mesmos. Já se sabe que o talento de um músico não se mede pelo número de discos vendidos, embora Erykah tenha já alcançado bastante sucesso nos E.U.A. É um risco para qualquer artista lançar um álbum ao vivo quando apenas conta com um álbum de estúdio. Mas para quem tem tanto talento, obviamente que as coisas só podíam correr bem. O álbum "Live", lançado após "Baduizm" (o seu álbum de estreia) revela uma artista confiante no palco, na interpretação das músicas e na comunicação com o público. Um tema novo, "Tyrone", incluído neste álbum, acabou mesmo por valer uma nomeação para os Grammys (em 1998) na categoria de melhor cantora de R&B. Ainda não tive oportunidade de ouvir todos os álbuns de Badu, mas de facto ela tem “qualquer coisa”, não é fácil de explicar, só mesmo ouvindo e sentindo a sua música.

Erica Abi Wright é afro-americana e nasceu no Texas em 1971. Decidiu mudar o seu nome para Erykah pois acreditava que Erica era o seu nome de escrava - “Kah” significa “innerself” e Badu em árabe significa “algo que transmite luz e verdade”. Independentemente do nome, Erykah possui um enorme talento para a música. Neste momento conta já 5 álbuns, desde a estreia em 1997 com “Baduizm”, até “Worldwide Underground” em 2003. E mais não digo. Quem tiver curiosidade procure e ouça por si próprio. Pode ser que não se arrependa do tempo "perdido"!

Friday, November 11, 2005

Papéis Brancos...



Para quem gosta de guardar religiosamente os bilhetes dos concertos e dos espectáculos a que assiste (seja ou não coleccionador) aquilo que se tem vindo a passar nos últimos anos, no mínimo, incomoda. E o que é que eu quero dizer com isto? Pois bem, se bem repararam, e salvo honrosas excepções, quando adquirimos um bilhete para determinado concerto, seja ele onde for, seja ele de que tipo de música for, deparamo-nos com um pedaço de papel maioritariamente branco, em que a data o nome do espectáculo são imprimidos na altura da compra. Quando olho para os bilhetes de concertos a que assisti há alguns anos, a panóplia de cores, estilos e tamanhos é enorme (foto de cima)! Quando olho para os bilhetes dos últimos 2 ou 3 anos, nem sei descrever aquilo que sinto. Ora não é que são todos iguais (foto de baixo)??? Excepto a data e o nome do artista/banda... ah, e o preço! Sei que não sou o único a ficar irritado com esta situação. Ainda por cima numa altura em que os preços dos concertos dispararam, porque é que havemos de levar com um rectângulo de papel que qualquer um podia imprimir em casa com uma impressora dos anos 80??? Será que o preço dos bilhetes não é suficiente para fazerem bilhetes em condições? Não sei se a culpa é das promotoras ou da chegada das FNAC e demais agências de bilhetes, mas penso que já é demais. Sei que vivemos num mundo cada vez mais globalizado e onde a massificação da cultura é cada vez maior, mas pelo menos podíamos ter em conta certos pormenores que fazem a diferença. E este é um deles. Nem quero pensar daqui por 10 anos estar a olhar para a minha colecção e ver um monte de papéis brancos semelhantes. Quando no meio de tudo isto os artistas lutam para serem cada vez mais diferentes e terem uma identidade própria, seja pela imagem, pelas capas dos cd’s, pelas inovações no estilo e estética musicais, porque é que nos bilhetes estamos a andar em sentido contrário?

Wednesday, November 09, 2005

Música para a História


No passado dia 6 de Maio fez-se história. Pela primeira vez desde o embargo americano a Cuba, uma banda de rock norte-americana tocou em solo cubano. Mais de 60 mil pessoas vibraram e cantaram com a música dos Audioslave. Irónicamente o concerto realizou-se na Praça Anti-Imperialista de Havana, que foi construída há 5 anos, e é usada como lugar de protesto contra os E.U.A. Razões mais do que suficientes para considerar este evento histórico e pioneiro, e mais um motivo que nos faz perceber o quanto a música pode ajudar a aproximar culturas e ideais diferentes. Quando assim é, todos saem a ganhar. Ganharam os cubanos, que puderam finalmente apreciar ao vivo uma das maiores bandas de rock da actualidade, ganharam os Audioslave, que se mostraram bastante satisfeitos com a experiência e ganharam os americanos, no sentido de que se aproximaram um pouco mais do povo cubano (mesmo que tenha sido só por uma noite, há momentos e gestos que ficam para sempre).
Este concerto foi agora lançado em DVD, com o título Audioslave Live in Cuba, e está agora disponível para todos os fãs da banda e para os que apreciam de alguma forma este estilo de música e queiram guardar para sempre um concerto que vai ficar na história da música por inúmeras razões. O DVD contém os maiores êxitos dos Audioslave e também algumas surpresas. Em suma: obrigatório!

Tuesday, November 08, 2005

Top Down


Desta vez com algum atraso, aqui está o top dos discos mais vendidos em Portugal - Semana 44:

David Fonseca - Our Hearts Will Beat As One
Robbie Williams - Intensive Care
DZR'T - DZR'T
Rita Lee - O Melhor de Rita Lee
Depeche Mode - Playing The Angel

David Fonseca e Robbie Williams entraram directamente para os dois primeiros lugares. Os D'ZRT desceram para 3º lugar mas continuam no top pela 25ª semana consecutiva. E aqueles senhores, que dão pelo nome de Depeche Mode, estão agora no 5º lugar. Gostava de perceber os critérios do português comum quando vai comprar um CD. Mas acho que isso está para além da minha compreensão, e se calhar até é bom.
Se há uns tempos fiquei chocado desta "banda" de adolescentes ter esgotado os Coliseus de Lisboa e Porto, agora fiquei surpreendido quando descobri que um dos próximos concertos dos D'ZRT é, imagine-se, no Pavilhão Atlântico. E não tenho dúvidas que vai encher. Como já tinha falado anteriormente sobre a MTV, volto a repetir a mesma ideia: música é coisa que se ouve e vende cada vez menos hoje em dia. Quando digo música, falo obviamente num padrão de qualidade aceitável, independentemente dos géneros musicais. Há muita coisa que não consigo ouvir mas reconheço qualidade. Outras coisas que vão aparecendo, porém, não consigo gostar, e mesmo com esforço não consigo reconhecer qualidade musical ou outros atributos que sejam para que consigam vender tantos discos. Sei, isso sim, que as editoras e promotoras cada vez mais manipulam o mercado e influenciam muitas pessoas que, ao não saberem aquilo que querem, compram aquilo que lhes é "oferecido" diariamente nas rádios e canais musicais de TV.

Saturday, November 05, 2005

Cinco Sentidos


Cheguei do concerto do Steve Vai. Não tenho nada a dizer, só quem lá esteve pôde apreciar... e não há palavras para descrever aquilo que vi e ouvi.
Por isso, e pela primeira vez neste blog, aqui fica um post em formato musical (obrigado pela dica, Filipe). Toca a aumentar o volume das colunas ou a pegar nos headphones! Apreciem a música e dêem uma vista de olhos na letra. Já pensaram nos sentimentos e emoções que podem ser transmitidos em cinco minutos de música?

I'll Be Around
Lyrics by Steve Vai

Words fall silent when no one will hear
Emotions are deadly when there's too much to fear
Touch a feeling and we feel again
To know the pleasure, we must know the pain

I'm going down for the last time
Open your eyes

Who's gonna hear you when you're callin'
And who's gonna catch you when you're fallin'
Who's gonna trust you
Well I'll be around for a while

And who's gonna heal you when you're bleeding
And who's gonna give to you when you're needing
And who's gonna love you
Well I'll be around for a while

When love lies bleeding only fools are bold
They search for pennies in a pot of gold
Faith is dying when no one's to trust
But your soul is crying
And it's glorious

It's coming down to the last time
Open your heart

Who's gonna hear you when you're callin'
And who's gonna catch you when you're fallin'
And who's gonna laugh with you
Well I'll be around for a while

And who's gonna warm you when you're freezing
And who's gonna hold you when you're screaming
And who's gonna promise you
to be around for a while

There you stand, drowning in the rain
Kidding yourself the wind don't sting
And all this time the thing you want is calling to you

I dig the way you take that storm
While spitting in the face of right and wrong
Well you could let down your defenses
When you're in my arms

You could touch my face
in my arms
You could dream on and on
in my arms
You would never be alone
in my arms
You could cry like a child
in my arms

Who's gonna hear you when you're callin'
And who's gonna catch you when you're fallin'
And who's gonna trust you
Well I'll be around for a while

And who's gonna mend you when you're broken
And who's gonna find you when you're stolen
And who will always love you
I'll be around for a while

And who's gonna shield you when it's rainin'
And who's gonna kneel with you when you're prayin'
Who's gonna feel for you
Well I will, I'll be around for a while

Who's gonna help you when you're tryin'
And who's gonna hold you when you're dyin'
Who's gonna beg you
To be around for a while


Dedicado aos meus amigos(as). You know who you are...


Thursday, November 03, 2005

MTV EMA 2005


Anda tudo louco com a cerimónia de entrega dos European Music Awards, e eu ainda não percebi bem porquê. Reconheço o canal americano como pioneiro, como uma empresa que mudou o próprio mercado discográfico e audiovisual e que ajudou a difundir a música pelos quatro cantos do mundo. Os célebres MTV Unplugged, com algumas das maiores estrelas internacionais, são disso um exemplo. Mas olhando para a MTV dos últimos anos, a análise muda totalmente. Expandiu-se, criou delegações em vários países, mas a qualidade da sua programação e da música que transmite no pequeno ecrã desceu vertiginosamente. Para mim um canal musical devia ter uma componente cultural, tentar “educar” e cativar os diferentes públicos para a audição de música e não limitar-se a ser um negócio. Ora foi exactamente nisto que a MTV se tornou. Um fenómeno de massas, que praticamente só passa música denominada “comercial” ou mainstream, com uma pobreza de programação impressionante. Será que para ganhar audiência temos que nivelar as coisas sempre por baixo, como acontece com as televisões generalistas em Portugal? A MTV foi um fenómeno de popularidade nos anos 80 e para isso não precisava de brindar a sua audiência com o género de coisas que nos dá hoje em dia.
É triste que o maior canal mundial de música tenha chegado a isto. Mas ainda é mais triste que continuem a definir tendências e vendas a nível mundial o tipo de música (será que devo chamar música???) que passa insistentemente. Aliás, para mim está provado que tudo o que for difundido e promovido insistentemente nas rádios e canais de música, as pessoas compram. Seja lá o que for, tenha a qualidade que tiver... se se perguntarem como é que algumas bandas chegaram ao topo e reflectirem um pouco sobre a forma como a indústria discográfica actua vão chegar a conclusões semelhantes.
Voltando ao assunto inicial, antes que me perca em devaneios, sei que vão estar em Lisboa algumas das maiores estrelas da música a nível mundial. Ironia ou não, algumas só são estrelas por causa de canais como a MTV. Outras são-o por direito e mérito próprio. A verdade é que nem sequer temos direito a que uma banda ou artista português actue no palco do Atlântico. Aliás, deve ser inédito em cerimónias deste género que o país anfitrião não tenha nenhum artista a actuar. Na conferência de imprensa com Ali G (o comediante agora transformado na personagem Borat Sajediek), o apresentador do espectáculo de hoje, os jornalistas eram apenas marionetas, pois as perguntas apenas podíam ser feitas por um representante da MTV. Na visita que os jornalistas fizeram aos bastidores do espectáculo, com tudo cronometrado e controlado pelo canal norte-americano, quase foram corridos a pontapé pois o tempo da visita estava a terminar. Enfim, eles tudo controlam e tudo querem controlar. Mas o rebanho vai atrás, vê a MTV e compra aquilo que passar. Isso é que é preciso...
Enfim, valeu-nos a simpatia de alguns artistas que não têm regras impostas pela MTV e que falaram abertamente e sem problemas para a comunicação social portuguesa.
O Pavilhão Atlântico vai estar cheio e os milhares de figurantes espalhados pelo recinto e contratados pela MTV vão animar o público presente (será que estão com medo que os artistas não consigam isso com as suas actuações?). Ou têm que ter uma quota de pessoas bonitas na audiência para não parecer mal na televisão? Para quem gosta de música e gostava da MTV é pena que os tempos tenham mudado assim tanto. Mas o povo gosta e fica feliz. Long live the MTV! Or Not!!!

Wednesday, November 02, 2005

Sugestões: Live in November


STEVE VAI [USA] + ERIC SARDINAS [USA]:
3 Novembro – Casa da Música, Porto
4 Novembro – Aula Magna, Lisboa


MARIA JOÃO, MÁRIO LAGINHA E BANDA SINFÓNICA DA PSP:

4 Novembro – Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra


EMIR KUSTURICA & THE NO SMOKING ORCHESTRA [BOS]:

21 Novembro – Coliseu dos Recreios, Lisboa


3 PIANOS – BERNARDO SASSETTI. MÁRIO LAGINHA. PEDRO BURMESTER:

25 Novembro – C.C. Belém, Lisboa


XUTOS & PONTAPÉS – 3 DESEJOS:

24, 25 e 26 Novembro – Coliseu dos Recreios, Lisboa






Já que até final do ano as coisas estão muito paradas no que respeita a concertos de metal, aqui fica a notícia de que os Children of Bodom [FIN] e os Edguy [ALE] actuarão em Portugal no início do próximo ano, ambos no Hard Club (Gaia), respectivamente a 19 de Janeiro e a 10 de Fevereiro.