Wednesday, November 16, 2005

The Spirit & The Sound




Há alguns meses atrás um amigo resolveu entregar-me um cd e disse-me para ouvi-lo. Não sabia que tipo de música era nem de quando era o álbum. A única coisa que ele me disse foi: “It’s a woman with a wonderful voice”. Curioso, lá peguei no disco e fui ouvir. Era um álbum ao vivo, e de facto a cantora parecia ter uma voz fantástica, até algo sobrenatural. Ouvi o álbum várias vezes e nem queria acreditar como esta voz me tinha passado ao lado durante tantos anos. A artista em causa chama-se Erykah Badu e o álbum intitula-se Live, de 1997. “Next Lifetime”, um dos temas do álbum, é simplesmente indescritível. Algumas letras, conjugadas com a voz de Badu, podem provocar danos emocionais irreparáveis...

A música pode-se enquadrar no soul ou R&B, e eu que nunca gostei muito do género, depressa fiquei fascinado. Continuo sem gostar muito de música soul, mas Erykah Badu é uma excepção. A sua voz divinal, um som melódico e ritmado, com alguns "salpicos" de jazz, transportam-nos para outras dimensões.
Quem vê a MTV e ouve rádio provavelmente só ouve falar de Alycia Keys ou R. Kelly (só para dar alguns exemplos), pelo menos neste género de música. Pois ouçam Erykah Badu e comparem vocês mesmos. Já se sabe que o talento de um músico não se mede pelo número de discos vendidos, embora Erykah tenha já alcançado bastante sucesso nos E.U.A. É um risco para qualquer artista lançar um álbum ao vivo quando apenas conta com um álbum de estúdio. Mas para quem tem tanto talento, obviamente que as coisas só podíam correr bem. O álbum "Live", lançado após "Baduizm" (o seu álbum de estreia) revela uma artista confiante no palco, na interpretação das músicas e na comunicação com o público. Um tema novo, "Tyrone", incluído neste álbum, acabou mesmo por valer uma nomeação para os Grammys (em 1998) na categoria de melhor cantora de R&B. Ainda não tive oportunidade de ouvir todos os álbuns de Badu, mas de facto ela tem “qualquer coisa”, não é fácil de explicar, só mesmo ouvindo e sentindo a sua música.

Erica Abi Wright é afro-americana e nasceu no Texas em 1971. Decidiu mudar o seu nome para Erykah pois acreditava que Erica era o seu nome de escrava - “Kah” significa “innerself” e Badu em árabe significa “algo que transmite luz e verdade”. Independentemente do nome, Erykah possui um enorme talento para a música. Neste momento conta já 5 álbuns, desde a estreia em 1997 com “Baduizm”, até “Worldwide Underground” em 2003. E mais não digo. Quem tiver curiosidade procure e ouça por si próprio. Pode ser que não se arrependa do tempo "perdido"!

3 comments:

SGTZ said...

Sim senhor...

Tenho de dar os meus parabéns ao amigo que finalmente te abriu os olhos!! Há música além dos virtuosos e dos 'sprinters', não é preciso fazer ginástica com os dedos para conseguir verdadeira MÚSICA!!

E agora a coincidência, também descobri essa senhora recentemente e, naturalmente, entrou logo na minha (longa) lista "A comprar".

Parabéns

Anonymous said...

Que estranho você considerar a voz dela tão maravilhosa, divina e até "subrenatural" (!). Realmente é uma voz interessante, mas acho fraca e pouco original no contexto das cantoras afro-americanas. É como Amy Winehouse (mudando de país e "etnia"), uma voz legal pra crossover e dentro desse pop/R&B, mas nada demais e muito derivativa pra quem ouve clássicos de jazz e soul.

kyo said...

Ly, acredito que a voz da Erykah, tecnicamente, possa não ser das melhores do género. Mas tem emoção, garra, paixão... e isso também é importante em qualquer estilo de música.
Fiquei curioso: que nomes você recomendaria como referências vocais no jazz e soul?