
Realizou-se no passado fim-de-semana mais uma edição do Audio Show (desta vez no ISCTE), certame dedicado aos audiófilos em particular, mas também aos apreciadores de bom som e imagem, em geral. E a imagem tem vindo a ganhar cada vez mais espaço, num evento que tem o som como atracção principal. A massificação dos LCD’s, plasmas e projectores de vídeo para o mercado consumidor é a principal razão porque na maior parte dos stands as tecnologias áudio eram acompanhadas também de imagem e sistemas surround 5.1 ou 7.1. Fica cada vez menos espaço para a audição apenas de música em stereo e com amplificadores dedicados apenas para este efeito. E para mim continuam a soar melhor que os novos combos áudio/cinema em casa, que para se adaptarem a um tipo de som específico para filmes, acabam por perder algumas qualidades no que à audição de música diz respeito.
De qualquer forma, vale sempre a pena seguir algumas das novidades nesta área e estes eventos permitem-nos ouvir e ver uma grande quantidade e qualidade de equipamento num dia apenas. Como pontos negativos do Audio Show ficam, para mim, as condições em que muitas audições são efectuadas (algumas salas sem condições acústicas para o efeito, e com pessoas a entrar e saír constantemente, o que provoca sempre algum barulho de fundo) e o facto de muitas empresas ou representantes da especialidade continuarem a não aparecer, não sei se por falta de interesse se por outras razões.
Outra coisa que reparei foi que, na maior parte das audições, os responsáveis insistiam em brindar-nos com música erudita, que na maior parte dos casos, além de ser bastante chata (nem foi o que me incomodou mais) era música com uma amplitude de frequências bastante baixa. Como é que se pode observar o potencial total de um sistema de colunas e amplificação se metade das frequências não estão representadas? Como posso saber, por exemplo, se as colunas se portam bem nas baixas frequências (graves) se a música não as possui? Uma alternativa seria talvez fazerem audições temáticas por estilos de música (jazz, rock, clássica, erudita, soul, etc.) para que as pessoas melhor pudessem apreciar os sistemas apresentados em sons mais versáteis que permitissem tirar melhores conclusões.
No meio de tudo quanto vi e ouvi, o que mais me surpreendeu foi o projector de vídeo apresentado pela Digisom (não me recordo da marca) com uma nitidez surpreendente neste tipo de aparelhos, e um sistema de colunas Audiovector com amplificação Gamut que apresentavam um palco sonoro e uma clareza impressionantes.

Pena que estes aparelhos não estejam ao alcance de qualquer um, só estas colunas custavam 17000€ o par, e não eram das coisas mais caras que estavam no Audio Show. O equipamento áudio high end é um luxo a que poucos se podem dar, mas pelo menos existem estes eventos que nos fazem sonhar (nem que seja por um dia) com uma qualidade de som que nunca teremos nos nossos lares...