Monday, July 30, 2007

Notas paralelas


O LA Times publicou ontem um excelente artigo sobre as semelhanças e as diferenças entre o jazz e o heavy metal. O primeiro estilo musical é considerado de elitista e complexo; o segundo é visto como brincadeira de crianças ou apenas como "barulho". Este texto, embora com as limitações de espaço que um jornal implica, traz algumas comparações interessantes entre os "dois mundos". Ao contrário do que muitos pensam, as semelhanças entre o jazz e o metal são muitas, e por isso muitos músicos tentam fundir os dois estilos.

"(...) heavy metal and jazz have been sipping quite a bit of lemonade on the veranda together lately. Bopsters used to disdain metal as kid stuff; metal dudes thought jazz was for geeks. But both forms — and forms ain't as pure as they used to be — tend to make huge technical demands, challenging the outer limits of fingers and mind".
A minha opinião sempre se aproximou a isto, pois o heavy metal pode ser tão ou mais complicado que o jazz, musicalmente falando, transmitindo as inúmeras emoções que a música pode transmitir. Nos dois estilos existem boas e más bandas, músicos exibicionistas (com os seus rapídissimos solos), e também grande parte dos melhores músicos de sempre.

"Some jazz players think that by putting a distortion box on their tone, all of a sudden it's rock," says Sherinian, lounging in his Valley home/studio. "But unless you grew up listening to Led Zeppelin, Van Halen, Black Sabbath, and you have that music in your heart, it's not gonna rock. Jeff Beck was the model for me, because he was a rock player who crossed over to the jazz side", diz Derek Sherinian, virtuoso teclista, que já passou pelos Dream Theater

Eu acho que qualquer dos dois estilos teve um papel considerável no desenvolvimento da música em geral, e discordo totalmente dos críticos de jazz que falam de um pedestal e olham para baixo para as bandas de rock. Gosto de ouvir ambos, e não acho que um estilo seja superior ao outro. Até porque a estrutura musical muitas vezes é semelhante, só que os instrumentos utilizados e a produção dos discos fazem-nos parecer muitas vezes como se estivessem em campos totalmente opostos. Por exemplo, Miles Davis aproximou-se muito do rock, enquanto bandas como Dream Theater ou King Crimson utilizam elementos jazzísticos, com outra "roupagem".

"In the '70s though, it was mainly African American jazz players who were crossing over to rock — selling out, many observers whined. But when Miles Davis heard Jimi Hendrix detonating sound bombs in the late '60s, he knew jazz needed to twist the volume knob. And electrified Miles begat a generation of fusioneers that included Tony Williams, John McLaughlin, Herbie Hancock, Chick Corea and Joe Zawinul, and Williams begat the nonpareil six-string speedster Allan Holdsworth".

Percebo que muitos sejam incapazes de gostar de dois estilos que soam, por vezes, totalmente opostos. Mas a ignorância e os comentários que muitos supostos entendidos fazem, levam-me a chegar à conclusão que de música percebem pouco. Apenas gravitam em torno desse mundo artístico e acham-se no direito de falar de coisas das quais deviam ter o mínimo de conhecimento.

Link para artigo completo

3 comments:

F. said...

Tal como diz o artigo, há 3 pontos comuns entre o Jazz e o Metal: a improvisação, a técnica e as harmonias avançadas. O resto, são exemplos de meia dúzia de gajos que por tocarem bem Metal exprimentam tocar Jazz.

Há uma diferença que faz toda a DIFERENÇA. O metal será sempre limitado enquanto os elogiados forem os que tocam rápido e "escalas" que poucos conseguem cumprir ... No jazz, os grandes tão pouco são os virtuosos. Todos sabem quem foi Miles Davis e nem tantos sabem quem foi o Roland Kirk, todos sabem quem foi o George Benson, mas o Stanley Jordan nunca será mais do que um bom executante. O Jaco Pastorius tocam 20x mais notas por segundo que o Charlie Haden. Quem é o grande?

Acho que a diferença é que no Jazz há criação enquanto no Metal se executa. Aliás não conheço outro estilo musical que tenha uma categoria "Free". Esse é o segredo. Metal será sempre um bom salão de treino...

kyo said...

Até concordo com a primeira parte.

"Acho que a diferença é que no Jazz há criação enquanto no Metal se executa" - com isto já tenho que discordar. Então no metal não se cria??? O que é que bandas como Metallica, Pantera, Led Zeppelin, RATM, ou outras que marcaram gerações, têm vindo a fazer? Imitar outros? Não me parece... Executar apenas?? Parece-me demasiado redutor chamar isso. Um bom músico é um bom músico, independentemente do estilo(s) que toque; e não os há apenas no Jazz, com toda a certeza.

F. said...

Incluir Metallica e Led Zeppelin no mesmo pacote devia ser crime! Os putos limitaram-se a acelerar e a carregar no que os velhinhos tinham feito. That's it!
O metal, assim como o rock, o hip hop, e quase tudo o resto tem limites bem mais definidos do que o Jazz logo deixa bem menos espaço para a improvisação - e quando falo de improvisação não estou a falar de solos "sacados" no momento!