Tuesday, April 18, 2006

Terror, onde?


"Hostel", de Eli Roth, é para já uma das grande desilusões do ano. A hábil campanha de marketing americana funcionou em pleno, o nome de Quentin Tarantino (como produtor executivo) ajudou a chamar pessoas às salas, mas no final de contas "Hostel" não passa de um filme medíocre, com alguns salpicos de gore à mistura. Três adolescentes (dois americanos e um islandês) conhecem-se durante uma viagem pela Europa e, depois de ouvirem uma história mirabolante sobre Bratislava e a facilidade de arranjar mulheres, decidem ir até à capital eslovaca. Em Bratislava as coisas não serão tão fáceis como parecem, e os jovens vêem-se envolvidos num complexo esquema de tráfico de carne humana.

A primeira metade do filme chega a ser muito má, e parece que estamos a ver um qualquer teenager road movie de má qualidade, com um argumento que roça a banalidade. Ao fim de quase uma hora lá vem um pouco de gore, quase forçado, aparecendo como acessório de uma estória muito fraca, e não de uma forma natural. Isto, para um filme que se apresentava no cartaz como "the scariest movie in a decade", é manifestamente insuficiente.
O filme aborda o tráfico de seres humanos, que são depois mortos de várias formas por psicopatas que pagam para assassinar as vítimas das mais diversas formas. Mesmo assim o realizador cai muito no facilitismo, e nunca chega a explorar o lado da estória que poderia ser desenvolvido de uma forma muito mais interessante. Excepção feita a duas ou três cenas e alguns pormenores, o resto do filme acaba por ser demasiado superficial e caír facilmente no tédio. O filme até poderia servir para uma séria reflexão sobre a crueldade humana para com os seus semelhantes e os limites do sofrimento e tortura impostos, mas é certamente coisa que não se vê neste "Hostel". Os efeitos sonoros e a música são demasiado excessivos, "empurrando" sempre o espectador para onde o realizador deseja, não deixando que os sentimentos passem de uma forma natural através da imagem e do próprio argumento.

Ao contrário do que estava à espera, este é um filme de estúdio à boa maneira hollywoodesca, e como geralmente sucede neste género, a boa produção não disfarça o mau conteúdo, e a lógica comercial sobrepõe-se ao interesse de criar um filme com qualidade que leve as audiências a reflectirem.
Vejam. Mas depois não digam que não avisei!

1 comment:

kyo said...

Claro, estamos lá batidos.
Abraço