Monday, October 01, 2007

Música no futuro ou o futuro da música


Os Radiohead preparam-se para revolucionar a forma como a música é distribuída e vendida ao público. O sétimo álbum vai ser lançado no dia 10 de Outubro, com venda exclusiva num site criado para o efeito. Até aqui, nada de mais. A grande novidade é que o disco, intitulado "In Rainbows", não vai ter um preço definido; cada um escolhe quanto quer pagar no momento da compra. O campo do "preço" está em branco, cabendo-nos a nós preencher com o valor que achamos justo pelo download do disco.

Em Julho, Prince distribuiu o seu último álbum gratuitamente com o jornal Mail on Sunday, no Reino Unido (3 milhões de cópias). A atitude do artista enfureceu as editoras discográficas e as lojas de discos.

Os The Charlatans também decidiram disponibilizar gratuitamente o seu novo álbum, a partir de 22 de Outubro, através do site xfm.co.uk

Onde tudo isto vai levar a indústria musical e os artistas, ninguém sabe ao certo. Num mercado que estava habituado a mudanças muito lentas - em várias décadas só a introdução do Compact Disc revolucionou os hábitos -, os últimos 2, 3 anos têm sido férteis em mudanças. As inovações sucedem-se mês após mês e os artistas tentam acompanhar as tendências. Hoje em dia, qualquer pessoa encontra com maior ou menor facilidade um disco na internet, e faz o download sem pagar um tostão. Até os Metallica, que há uns anos se revoltaram com o Napster e a partilha de ficheiros de música, já deram o braço a torcer e disponibilizam agora alguns conteúdos grátis para os seus fãs.

Não acho que seja bom princípio convencermos-nos que podemos ter os discos que queremos sem pagar. Afinal, os músicos, como os outros artistas, precisam de ganhar a vida, e é justo que paguemos pelos seus trabalhos. Acredito que as novas "leis" do mercado vão ser positivas no sentido de devolver a criação aos músicos, pois as editoras começam a ter cada vez menos poder para os "estrangular" com regras e obrigações contratuais. Isto vai fazer com que algumas pessoas que gravitam em torno da indústria, e se tornam milionárias à custa dos músicos, desapareçam. Muitas bandas já tomaram as rédeas da produção e distribuição, e começam também a perceber que o negócio está cada vez mais no merchandising e nas tournées, pois as vendas de discos caíram e vão continuar a cair. Para nós, o MP3 serviu para levarmos a nossa música para todo o lado e partilharmos com os amigos. Mas espero que as pessoas não se esqueçam de apoiar as bandas, comprando os discos que realmente gostam (apesar de, na música, os 21% de IVA serem completamente ridículos). Nós cá estaremos para ver em que direcção as coisas vão evoluir... ou regredir.

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